terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sugestão de Natal.








Esta é a cidade que escolhi chamar de minha, e que me chama para si, não sei bem o que quer de mim. Lisboa dá-se lentamente, esconde-se, é tímida, reservada. Se não sair para a rua e puser um disco a tocar, bem posso dizer que estou num mundo à parte, só meu. Poucos sabem o meu endereço, e nenhuma dessas pessoas se atreveria a tocar-me à porta, é o que dá ser nómada: para o mundo nunca estamos em casa. Mas eu gosto de estar em casa, quanto mais não seja só pelo facto de ter negros à minha volta me faz sentir em casa.

 

Kalaf Epalanga, O Angolano Que Comprou Lisboa (por metade do preço), Lisboa, Caminho, 2014  



5 comentários:

  1. É preciso avisar o senhor Kalaf Epalanga que ele pode perfeitamente sair à rua, onde tem mais oportunidade de ver negros do que ficar em casa.
    Lá pode ver, digamos cinco ou seis, cá fora são aos milhares.
    Comece para aperitivo pelo Largo de São Domingos, apanhe o comboio para Sintra e saia por um bocadinho na Reboleira, entre e saia em Queluz.
    E para primeiro dia já chega, ou ainda morre de indigestão.

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  2. Também pode levantar-se cedinho e ir ver uma fila para a segurança social.Vai sentir-se muito bem acompanhado.Mas como é angolano não pode perder o bairro Quinta da Fonte um desejo do JES que os nossos interpretadores cheios de vontade política logo concretizaram
    O Ricardo Salgado é que não se abriu para os milhões que foram distribuídos anonimamente vindos de Angola
    Adoro o modernismo do tudo e do seu contrário...

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  3. É o autor ou um personagem a "falar"?Acho que faz alguma diferença não?

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    Respostas

    1. Certamente que existe aqui algum equívoco, pelo qual peço desculpas. A minha intenção não era caricaturar o livro de Kalaf Ângelo - uma dos cronistas mais interessantes de Portugal - ma, pelo contrário, sugerir a leitura deste seu novo e belo livro.

      Cordialmente,

      António Araújo

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    2. Concordo e porisso fiz a observação.

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