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Querido ToZe como
Sabes estou presa tenho muita
Pena de não estar contigo
Recordar-mos os velhos
tempos
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Pouco bastante
mas deixa que tudo passa mas
sozinha num lamento à
espera que o tempo se passe mal
sei as àguas do mar
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Fotografias de Ângela Castelo-Branco e António Faria
Na antiga prisão das Mónicas, naquilo que outrora
foram as solitárias, alguém rabiscou incessantemente as paredes da sua cela.
Palavras sobre palavras, escritas a lápis, declarações de amor a um Tó Zé. Nuns
lados, aparece a improvável data «1866»; noutros, surge «1967». Talvez não sejam
verdadeiras, estas inscrições morais. Mas, a acreditar na veracidade da história,
uma mulher esteve ali presa: de poucas letras, ou mentalmente perturbada,
preencheu o tempo assim, nesta desconexão. Aqui fica o
registo do amor efémero; em breve, as paredes das Mónicas serão transformadas
num condomínio de luxo.
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Poesia.
ResponderEliminarSusana