domingo, 11 de agosto de 2013

Um grande livro.

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Conhecia-o dos textos que publica na Ler e só há uns cinco minutos descobri que tinha (ou tem) um blogue, Pastoral Portuguesa. Há quem se indigne por falar muito de futebol nesse blogue. Falar de futebol português contemporâneo não é pecado – é só perda de tempo e desperdício de talento. Mas talento, enorme talento, é o que aqui não falta. Agora reunidos em livro (convenhamos: não havia necessidade de fazer a capa do gatito a partir de um banco de imagens…), os textos de Rogério Casanova são dos mais inteligentes, lúcidos, cultos e divertidos que se têm publicado em Portugal, há muitos e muitos anos. Reconheço que o estilo, de tão «trabalhado», às vezes se torna cansativo, sobretudo quando lemos as crónicas todas de uma assentada. Mas que este é um livro absolutamente excepcional, disso ninguém duvide.  
 
 
António Araújo





3 comentários:

  1. "cansativo" é, sem dúvida, pelo menos na minha opinião, a palavra que melhor define os textos de Rogério Casanova.

    não coloco em causa a inteligência e erudição de Rogério Casanova. mas não aprecio o estilo. provoca-me cansaço nas retinas, dores pulsantes no parietal esquerdo, formigueiro nas no sabugo das unhas dos pés.

    Rogério Casanova sofre do mal da informação desmesurada. informação a mais é desinformação - muita gente nos tempos que correm não o compreende! seus textos são excessivamente ricos! utilizadores medianos como eu, perdem-se entre tantas referências culturais.

    mas tirando isto tudo, eu diria que está tudo bem. ora, porque não havia de estar?

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  2. Olá!

    Sabe? Não é que eu tenha alguma coisa contra o futebol, aborrece-me é isso mesmo que diz, que se gaste rios de prosa com temas recorrentes e maçadores.

    Quanto ao resto, é uma questão de tolerância ao excesso: a mim começa a faltar-me paciência para os excessos (excepto se me agradarem os excessos, claro, e excepto se os excessos não pretenderem ser perfeitos porque me cansa também a perfeição).

    Ou seja, não sou a destinatária ideal para o Rogério Casanova. É que, ainda por cima, também não tenho muita paciência para quem parece sentir-se na necessidade de mostrar serviço, mostrar que sabe tudo, que leu tudo, que memorizou tudo. Pessoas assim cansam-me.

    Ele escreve bem, concordo, tem algum sentido de humor, concordo, é lúcido e culto, concordo - só que exagera na dose, serve-nos o seu talento em dose excessiva.

    Mas ainda bem que há gente mais paciente e tolerante que eu. Tenho ideia que em tempos também fui assim. Agora que sei que há mil coisas para descobrir não quero perder muito tempo a olhar quem se olha ao espelho.

    Outra coisa: estou a descobrir o seu Malomil e estou a gostar. Claro que já andei a ver se percebia que nome é esse e não descubro mas, se calhar, é porque ainda não procurei bem


    Boi noite!

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    1. "Outra coisa: estou a descobrir o seu Malomil e estou a gostar. Claro que já andei a ver se percebia que nome é esse e não descubro mas, se calhar, é porque ainda não procurei bem"

      Estará a resposta aqui: http://www.portugalio.com/malomil-quinquilharias-e-brinquedos-de-manuel-alonso-misa/ ?

      É que no Malomil (aparentemente) são danados para a brincadeira e (aparentemente) não se levam muito a sério, como se o que escrevessem fosse apenas "quinquilharia".
      Na minha modesta opinião este é um blog cultural, intelectual e essas cenas do estilo que costumam ser uma grande xaropada (já para não dizer uma grande palhaçada, não só mas também).
      Mas o engraçado é que uma pessoa como eu que só lê a "Vip", a " Caras", a "Hola", o "Guia da Internet" e quejandos - bom, ok,ok, confesso, com alguma vegonha, que também sinto prazer em ler Carl Sagan, Somerset Maugham (que se fosse vivo também andaria a escrever pelo Malomil...) e Gabriel Garcia Marquez, mas livrem-se de espalhar por aí, porque nego tudo - dá por si a ler com interesse os textos que por aqui se escrevem. E mais engraçado ainda é que, sem darmos por isso ou sem fazermos um esforço consciente para isso, acabamos a ler até ao fim e com interesse mesmo aqueles textos mais longos (e em registo mais sério) que, à primeira vista, pensamos logo que vão ser (mais) uma daquelas cenas chatas comá potassa da cultura e literatura e assim.
      Talvez para os autores deste blog, o que por aqui se escreve não passe de quinquilharia (sem grandes ambições). Mas os fiéis leitores deste blog (como eu, por exemplo) apreciam tanto o que por aqui se escreve (e comenta) que, citando o dicionário online de português num exemplo do uso da palavra quinquilharia : "A antropóloga e pesquisadora da Unicamp Valéria Brandini diz que os objetos carregam escolhas. Por isso é tão difícil jogar fora algo que, para os outros, não passa de quinquilharia. Folha de São Paulo, 04/01/2011".

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