Há
um ano ou dois, um grande amigo, José Sobral, ofereceu-me um livro de Juan
Eslava Galán, De la alpargata alseiscentos, uma
narrativa apaixonante do quotidiano do franquismo. De Eslava Galán, um autor
muito prolífico, já tinha lido um livro, fraquinho, que está cá traduzido e
trata da busca de um unicórnio que, no final, vem a revelar-se um rinoceronte.
Este livro tem outro alcance, mostrar a sociedade espanhola dos anos 50 e 60,
do Cola-Cao e dos churros, das
alpergatas e do Fiat 600. É também esse o universo de Joam Colon, um mestre da street art, da arte callejera de Barcelona. Gente normal, apressada a atravessar
as ruas, mas também outra fauna, um
pouco mais marginal, mas tão velha como o mundo. Corpos em movimento, rostos de
inconfundível hispanidade. O MNAC tem uma grande exposição de mais de 500 imagens de Joan Colom. A Espanha urbana em estado bruto – há uma certa
brutalidade nestas imagens, não há? A street
art photography tem quase sempre
uma marca de violência, mesmo quando mostra pessoas felizes, ou pelo menos
contentes. Nas grandes cidades, as ruas são assim, não há volta a dar. O
movimento é sempre violento; quanto mais acelerado for, mais violento será.
Já se fez um exercício, desses um pouco
infantis mas sempre curiosos de ver, que consistiu em situar as imagens de
Colom en su sitio. Aqui, assim:
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