Apre, é uma praga: em todas as fotografias
históricas surgem sempre dúvidas quanto à sua autenticidade. Ou quanto à
identidade dos fotografados. Desde o V-Day em Manhattan ao soldado caído na
guerra civil espanhola, não há uma que escape. Agora, chegou a vez da imagem
célebre, celebérrima, imortalizada em estátuas colossais, da Bandeira dos Nossos Pais, título do
livro de James Bradley adaptado ao cinema por Clint Eastwood.
Em 2014, uma investigação minuciosa do Omaha World-Herald concluiu que, no
grupo de seis marines fotografados por Joe Rosenthal em Iwo Jima, em 23 de Fevereiro de 1945, não figurava John
Bradley, o pai de James, o autor do livro adaptado ao cinema.
Aliás, a fotografia de Rosenthal tem
uma história atribulada, que começou em 1946, quando a Time Magazine lançou a suspeita, que viria a revelar-se infundada,
de que tudo não passara de uma encenação (ver aqui a história de Raising the Flag on Iwo Jima). Tiraram-se fotografias no local, sim
senhor, até mais do que uma. Quem tiver tempo, não perca a reportagem do Omaha World-Herald, um prodigioso
trabalho de pesquisa, onde nenhum pormenor escapa.
A versão «oficial»
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Mas a grande novidade é que, há uns
dias, James Bradley – um dos mais populares autores de obras sobre a guerra no
Pacífico, entre as quais Flags of Our Fathers – admitiu que é possível, mesmo provável, que o seu pai não esteja no grupo fotografado
por Rosenthal (aqui, no NY Times). E o Marine Corps abriu
um inquérito. Aguarda-se o veredicto. Mas, para já, está montado o circo,
admitida a reasonable doubt que, no
limite, deita por terra um livro e um filme. Bem, o livro e o filme manterão as
suas qualidades, isso não está em causa. Mas que o fulgor e a emoção de tudo
isto sofrem algum abalo, disso não há dúvida.
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