segunda-feira, 6 de junho de 2016

Um só mundo.

 
 
 
 
Já se falou muito aqui de crowdfunding na área da fotografia. Depois de Condor, do João Pina, a semana passada tivemos em estúdio a Céline Chaille e o seu maravilhoso álbum imaginário.  
Hoje traz-se, com urgência, o anúncio de um outro projecto de crowdfunding. O prazo está a terminar e – imagine-se!− o Mário Cruz, o nosso mais recente World Press Photo, ainda não recolheu os fundos necessários para concretizar algo que… está ao alcance da sua mão, caro leitor, à distância de um clique… (pois, pedinchice descarada, mas a causa é mais do que justa). 
O Mário esteve a semana passada na Guiné-Bissau, a sensibilizar a sociedade guineense para este problema, que também a afecta. Passou lá o Dia da Criança, enquanto cá, e muito bem, as nossas crianças se divertiam, brincavam e riam. As minhas filhas jantaram pizza.
 


 
 
 
 
No Senegal não é assim. O Mário Cruz quer mostrar que não é assim. Quer mostrar, num livro em inglês e em árabe, que no Senegal existem crianças escravizadas nas daaras, as escolas de aprendizagem do Corão. Não são duas nem três: são cerca de 50 mil crianças. Leu bem: cerca de 50 mil crianças, entre os cinco e os quinze anos de idade. Leu bem: entre os cinco e os quinze anos de idade. Levadas de casas de seus pais, aprisionadas em escolas com grades, passam oito horas por dia a recitar versículos – bem satânicos, neste caso. Muitos dos professores exploram-nas, obrigando-as a trabalhar nos intervalos, quando deviam estar a divertir-se, a brincar e a rir, como as nossas crianças no Dia da Criança.
 
 
 
 
É difícil imaginar o esforço tremendo que o Mário Cruz teve para localizar as crianças-escravas do Senegal e para conseguir fotografá-las. Só por isso, que é tanto e muito, já merecia um prémio. Mas não é um prémio que o Mário quer, nem a vaidade que o mobiliza. Prémios já tem que baste. Agora pretende apenas publicar um livro, um livro que mostre ao mundo – em inglês e em árabe, insiste-se – algo que o mundo teima em não ver. O mundo da escravatura infantil do Senegal. Aqui em baixo, tem a caixa de comentários para louvar ou escarnecer. Podem elogiar ou insultar, não se censura nada. Gozam os senhores leitores de inteira liberdade para dizer o que quiserem. A liberdade que falta a 50 mil crianças no Senegal. Por isso, antes de avançar já para a caixa de comentários, passe por aqui s.f.f. e deixe o seu contributo na caixa do crowdfunding. O Mário agradece e eu também, mas as crianças do Senegal agradecem ainda mais. Elas estão nas suas mãos, literalmente. 
Et voilá o link, com urgência:  
 
 
 
 

 

4 comentários:

  1. Não é dificel imaginar o esforço imenso que ele fez. É dificel de imaginar porquê que não se contacta o governo democrático do Senegal e as forças politicas de lá para que terminem com este genocido.

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  2. De acordo com esta notícia, faltam apenas 30 dólares para que o objetivo seja alcançado. http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=828674
    Cumprimentos e que nos continue a brindar com os seus textos.

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