Falou-se
aqui há dias do projecto DATAR, uma cartografia da França dos anos 1980. Hoje é
tempo de UK. Em 1937, Charles Madge, poeta sul-africano, jornalista e
comunista, juntou-se ao cineasta Humphrey Jennings e ao antropólogo Tom Harrisson.
O objectivo desta união era encontrar uma forma de ultrapassar a distância
entre o modo como a imprensa e as sondagens representam a opinião pública e a
vida concreta e vivida das pessoas, nos seus anseios e devaneios (aqui).
Nascia então o Mass Observation Project: pedia-se que as pessoas escrevessem
diários, registassem o quotidiano, as suas paixões e os seus sonhos. O
resultado, claro está, é um imenso e inesgotável caudal de informação e um
arquivo fabuloso, à guarda da Universidade de Essex, que serve, como poucos, para
fazer a história social do Reino Unido no século XX (http://www.massobs.org.uk/).
Por
cá, nada. Há o esforço de uns bem-intencionados para resgatar os diários
perdidos de cidadãos comuns. Mas falta entre nós uma tradição de memórias e
diários. Daí ficarmos estarrecidos com o que vamos encontrando, como o
extraordinário registo da vida no Barreiro feito ao longo de décadas por José
António Marques. A Junta de Freguesia de Santo André e a Câmara Municipal do
Barreiro publicaram, em 2013, o volume relativo à década de 1920. Precioso! E parabéns, Drª Rosalina Carmona.
Seria bom publicar-se mais – seja o diário de José António Marques, ferroviário
barreirense, seja os diários que para aí houver. Se os tiver, avise.
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