sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Igreja de São Cristóvão que me tocou.


 
 
 
Escondida num larguinho por cima do Largo do Caldas e da Rua da Madalena, com acesso também através das Escadinhas de São Cristóvão (assim mesmo, em diminutivo, na toponímia), passa escondida a quem não saiba e não procure a Igreja de São Cristóvão.  Situa-se no Largo do mesmo nome, que quase não o sendo, tem um encanto que quem dera a muitos. Volumes diferentes, acessos estranhos, edifícios que têm como que falta de perspectiva pela estreiteza do lugar, tudo dá ao conjunto um carácter que classificaria de único. Mais que em qualquer outro lugar de Lisboa, poderíamos estar em Roma ou em Marraquexe que não nos sentiríamos desencontrados, o que é talvez um bom elogio a nós.
Entrado na Igreja há qualquer coisa de mágico nela.
Passado o guarda-vento, moderados os ruídos da rua, num claro-escuro que mais acentua a idade de tudo, mergulhamos com um misto de espanto e comoção num Portugal que já era. Sentimos o tempo passado, a idade e ideias de coisas que foram. Não nos leva à infância, leva-nos muito atrás dela. Não posso explicar muito bem o que se sente mas há uma saudade que nos penetra ao mesmo tempo que sabemos ali ser como estranhos, que não existimos, ou que já não existimos.
O sentimento é fortíssimo e senti-o partilhado no livro das visitas. Com comentários em muitas e desvairadas línguas, seja em caracteres chineses, seja nas palavras primeiras de um Padre-Nosso em castelhano, seja num sentido “…não é preciso ter crença para encontrar a paz neste lugar…”
 
Miguel Geraldes Cardoso
 
 

2 comentários:

  1. Já visitei e com as explicações adicionais do Sr. Padre Edgar Clara. Também tirei fotografias para o meu álbum das igrejas de Lisboa.

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