Não sei quem é o economista Ricardo Pinheiro Alves,
que assina no Observador um artigo intitulado «Coimbra: Especulações sobre um Bife».
O texto abre assim: «há um mês e meio
uma faculdade obscura do Reino Unido, a Goldmsiths, anunciou que iria proibir o
consumo de carne de vaca nas suas instalações».
Suspeito que Ricardo Alves, um defensor de Boris Johnson e de um Brexit rápido, seja
doutorado numa universidade menos obscura. Cambridge, por exemplo. Recomendo
que veja o que fez Cambridge (desde 2016!), decerto uma universidade de terceira para os elevados
padrões académicos do Prof. Alves. Leia aqui o que fizeram a Ulster University, a University of East Anglia e diversos colleges em Oxford, ou o que fizeram a Universidade de Edimburgo e a Westminster University. OK, doutor Alves?
E
não, não se proibiu o consumo de carne bovina em instalações nenhumas: nas ementas
da cantina deixou de ser servida carne de vaca, mas quem quiser pode comê-la à
vontade. De uma vez por todas: não está proibido o consumo de carne de vaca, a
carne de vaca deixou de ser servida nas ementas da universidade. Abstenho-me de comentar as afirmações de Assunção
Cristas, segundo as quais «querer banir o acesso das pessoas, por exemplo, à carne de vaca, é tão ilegítimo como banir refeições vegetarianas», lembrando tão-só que, segundo sei, não existem
recomendações da Organização Mundial de Saúde (Agência Internacional para a Investigação em Cancro) e da nossa Direcção-Geral de Saúde
sobre moderação no consumo de vegetais, ao contrário do que sucede com a carne
de vaca.
O
melhor trecho do colunista Alves, porém, é a insinuação brincalhona de que o
Reitor da Universidade é «sócio de um McDonald’s em Coimbra». Talvez não
tão brincalhona assim, pois logo a seguir se diz: «Não
seria a primeira vez, muito longe disso, que um lugar público era usado para
benefício pessoal.» Lindo, não?
Também
bom, muito bom: «O reitor é da área farmacêutica, pelo
que não terá especiais conhecimentos sobre as questões ambientais.»
Melhor ainda, o colunista do Observador questiona as alterações
climáticas, perguntando: «O alarmismo sobre a degradação do ambiente é justificado
e há um ponto de não retorno a partir de 2030, como nos querem fazer crer? Ou
há um aumento da temperatura média principalmente porque estamos num período
interglacial quando a dita temperatura aumenta naturalmente? Ou ainda, há uma
agenda anticapitalista por trás deste alarmismo, usando as questões ambientais
em substituição da revolução para nos impor uma visão totalitária da sociedade?»
Sem comentários. Toda a opinião é livre, mas a imbecilidade deve
ser denunciada.
Foi o que fiz, ou tentei fazer.
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