domingo, 3 de maio de 2020

E um dia, de manhãzinha




E um dia, de manhãzinha, abriu a porta e saiu…

Pé ante pé, mas jazz-ante, leve e dançante por um minuto, como esta abordagem de Pedro e o Lobo (de Prokofiev) pela Amazing Keystone Big Band. É mesmo amazing, e é mesmo um minuto e qualquer coisa












2 comentários:

  1. Que delícia, e que caleidoscópio de ironias - algumas bem trágicas! Na versão original da obra, Pedro é um jovem pioneiro soviético, cujas virtudes e méritos derrotam a oposição da Natureza (o lobo, esse bicho ideológico) e o velho mundo pré e contra-revolucionário (representado pelo avô). Estávamos no final dos anos 30, no apogeu estalinista e período das grandes purgas - e Prokofiev, que tinha namorado o Ocidente, sabia bem dos limites da cartilha. Veio a Guerra, chegou 45, e entramos no período do anti-cosmopolitanismo - que tinha um dos grandes alvos precisamente no jazz («Hoje ouve jazz, amanhã trai a Pátria»): surgisse esta versão na altura, e azar do Sergey... Derradeira ironia, em todos os sentidos: Prokofiev morre em 53, exatamente no mesmo dia de Estaline - e por isso, só três dias depois os jornais arranjam um recanto sobrante para lhe anunciarem o óbito.

    ResponderEliminar