Anne Heyman
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de 24,3% das crianças do Ruanda são órfãs. Sim, praticamente um quarto das
crianças do Ruanda não tem pai nem mãe. Lemos isto, ficamos impressionados,
muito incomodados, e passamos ao horror seguinte, sempre mais horrível que o
anterior. Há quem actue doutra maneira. Em 2005, quando soube que os massacres
do Ruanda provocaram 1 milhão e 200 mil órfãos, Anne Elaine Heyman decidiu
fazer algo mais do que indignar-se. Nascida em Pretória, educada na Cidade do Cabo, Anne Heyman dedicava-se a
causas filantrópicas desde os 15 anos de idade, pouco depois da família se
mudar para Boston, nos Estados Unidos. Formou-se em Direito na Universidade de
Columbia, em 1984, e tornou-se assistant
district attorney, destacando-se no combate aos crimes de colarinho
branco. Abandonou a profissão quando decidiu dedicar-se à família, após o
nascimento do primeiro filho, mas mesmo então continuou empenhada em causas
sociais, numa organização de apoio aos idosos. Inspirada pelo modelo israelita
das aldeias comunitárias, decidiu criar uma comunidade semelhante no Ruanda. Angariou
milhões de dólares, recrutou especialistas nos Estados Unidos, no Ruanda e em
Israel, conseguiu obter o apoio do governo ruandês para o seu projecto e
estabeleceu ligações às comunidades judaicas dispersas pelo mundo. No Ruanda, encontrou um terreno, construiu
dezenas de casas, ergueu uma aldeia chamada Agahozo-Shalom Youth Village. Vivem lá
500 órfãos, que lhe chamavam «mãe», «avó» ou «anjo». «Agahozo» significa «lugar onde se secam as lágrimas». Anne Heyman
morreu há dias na Florida, na sequência de um acidente de equitação.
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