Ainda
deixei um na FNAC do Chiado. Rezem para que lá esteja. Crab Monsters, Teenage Cavemen, and Candy Strip Nurses, de Chris
Nashawaty é um livro excepcional, saído em Setembro passado. Em grande medida, a sua grandeza deve-se ao
facto de biografar um grandioso nome: Roger Corman. O livro é abundantemente
ilustrado. Cartazes impecáveis. Cada página é melhor do que a outra. Porque Corman, série B ou não,
era um mestre da visualidade. Se havia algo absolutamente inconcebível para ser mostrado,
Corman mostrava-o. Corman não precisa de uma reabilitação intelectual, nem
necessita de que lembremos, como livro o diz, que a ele se deve boa parte da
fama de Fellini na América, por exemplo. Ou que ouçamos Martin Scorsese
dizer que a única vez na vida que encontrou François Truffaut foi na casa de Corman. Sim, claro,
Corman foi também o «descobridor» de talentos como Scorsese e tantos
outros. É um produtor «de culto» mas pelo que hoje nos parece caricato e risível. O
mesmo acontece com Ed Wood. Já não temos medo daqueles filmes oniricamente
péssimos. Sorrimos desdenhosamente ou rimo-nos muito, nada mais do que isso. Mas Ed Wood é algo distante de
nós, Corman está vivo. Houve, portanto, gente da nossa idade que chegou voluntariamente a um cinema, entrou, dirigiu-se à
bilheteira e pagou ingresso para ver aquilo. Hoje, ninguém se acusa. Mas
temos, de uma vez por todas, que descobrir quem pagava para ver os filmes de
Corman. Porque os houve, e muitos. Produziu mais de 400 fitas, alguém as deve
ter visto. Quem?
Roger Corman é ainda a prova de que o ridículo nem sempre
mata. Às vezes, imortaliza. E os filmes de Corman não eram ridículos. Eram
apenas horríveis, em todos os sentidos, começando por serem horrivelmente maus.
Depois, só muito depois, eram horríveis porque tratavam de temas horríveis. Do argumento ao guarda-roupa, assaz reduzido quanto às personagens femininas,
Corman foi um produtor coerente: sempre péssimo. Filmes
delirantes, começando no genérico e terminando no
.
.
.
THE END
Provávelmente tinha como lema o muito útil "mais vale que digam mal de mim do que não digam nada" ...
ResponderEliminarNos anos 60, Roger Corman fez uma genial série de filmes baseados em contos de Edgar Allan Poe: "O fosso e o pêndulo", "O corvo", "A queda da Casa Usher", etc. Admito que seja uma declaração polémica mas considero-o um génio! E como gostos não se discutem...
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