sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sochi.

















Já referimos aqui, muito de passagem, o nome de Rob Hornstra, um fotógrafo holandês nascido em 1975 que há anos se vem dedicando a captar imagens do Leste e dos resquícios do comunismo. Um dos seus trabalhos, Communism and Cowgirls, pode ser folheado aqui, na íntegra completa.
 


 

Em 2009, em colaboração com o realizador Arnold van Bruggen, Rob Hornstra lançou The Sochi Project. Durante cinco anos, que agora terminam mesmo por ocasião das Olimpíadas de Inverno, van Bruggen e Hornstra andaram a palmilhar aquilo a que chamam a «Florida da Rússia», uma região com um clima subtropical, povoada de hotéis e sanatórios. Foi ali, numa terra onde não há neve nem gelo, que Vladimir Putin conseguiu que as Olimpíadas de Inverno se realizassem. Ali, no lugar onde em meados do século XIX foi praticada uma limpeza étnica de que poucos falam: os exércitos russos, às ordens do czar, expulsaram da região cerca de 90% dos habitantes que a povoavam. O local é muito simbólico e carregado de memórias. Uma alegoria ao poderio da Rússia. Percebem agora por que foi escolhido?
 
 
 

 

The Sochi Project foi realizado graças a uma acção de crowdfunding. Tem dado lugar a várias exposições e livros, o último dos quais An Atlas of War and Tourism in the Caucasus. Uma espécie de Martin Parr no Cáucaso. Uma das iniciativas consistiu em fotografar cantores em restaurantes com música ao vivo. Os resultados são excelentes:
 
 
 

 
 
 

 

Como seria de esperar, na Rússia a exposição do trabalho de van Bruggen e Hornstra foi cancelada. As autoridades recusaram renovar-lhes os vistos de entrada. É a primeira vez que tal acontece a jornalistas holandeses desde a queda da União Soviética.
 
 
 
 
 

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