Quando escrevi a palavra serendipity num tradutor da Internet, saiu: «capacidade de fazer
descobertas importantes por acaso».
Aqui não
há nenhuma «descoberta», menos ainda uma «descoberta importante». Mas acaso há,
e muito. Andava há tempos para escrever sobre Christer Strömholm, um dos
fotógrafos mais singulares, bizarros e originais que conheço. Fixei-me na sua impressionante imagem da rapariga cega de Hiroshima, captada em 1961. Mas queria
escrever falando de um livro sobre Hiroshima que, desgraçadamente, não encontrei
– e, aliás, continuo sem encontrar. Na estante, estava ao lado de um outro livro, que
a Fátima me deu, Embracing Defeat: Japan in the Wake of World War II. Por
acaso, deixou de estar onde estava. Só o reencontrarei por um feliz acaso.
Fotografia de Christer Strömholm
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A Fátima e o Jorge foram ao Japão há tempos e, sabendo do meu interesse pela cultura nipónica, trouxeram-me mais coisas do que mereço. Hoje, o Jorge, generoso como sempre, mandou-me esta notícia do Le Monde, que fala de um escândalo. O compositor Mamoru Samuragochi, a quem chamavam o «Beethoven da era digital», devido à sua surdez, que se tornou total quando tinha quinze anos, notabilizou-se, acima de tudo, pela obra Sinfonia nº 1, Hiroshima.
Mamoru Samuragochi
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Há dias, Samuragochi reconheceu numa conferência de imprensa que não era ele o autor da obra, dessa e das outras. Ou, melhor, que tinha sido ajudado por um «compositor fantasma», que já apareceu entretanto. Há dezoito anos que Takashi Niigaki trabalhava na sombra para a glória de Mamoru Samuragochi. Porquê? Por timidez? Por avidez de dinheiro? Certamente não foi por acaso, por uma serendipity. Acaso, acaso feliz, foi o Jorge ter-me mandado esta notícia. Obrigado, Fátima e Jorge, do
António Araújo
P.S. - o Jorge acaba de me informar que, segundo diz aqui,
Samuragochi nem surdo era!
P.S. - o Jorge acaba de me informar que, segundo diz aqui,
Samuragochi nem surdo era!
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