quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Por acaso:

 
 
 
 
Quando escrevi a palavra serendipity num tradutor da Internet, saiu: «capacidade de fazer descobertas importantes por acaso».
         Aqui não há nenhuma «descoberta», menos ainda uma «descoberta importante». Mas acaso há, e muito. Andava há tempos para escrever sobre Christer Strömholm, um dos fotógrafos mais singulares, bizarros e originais que conheço. Fixei-me na sua impressionante imagem da rapariga cega de Hiroshima, captada em 1961. Mas queria escrever falando de um livro sobre Hiroshima que, desgraçadamente, não encontrei – e, aliás, continuo sem encontrar. Na estante, estava ao lado de um outro livro, que a Fátima me deu, Embracing Defeat: Japan in the Wake of World War II. Por acaso, deixou de estar onde estava. Só o reencontrarei por um feliz acaso.
 
Fotografia de Christer Strömholm
 

         A Fátima e o Jorge foram ao Japão há tempos e, sabendo do meu interesse pela cultura nipónica, trouxeram-me mais coisas do que mereço. Hoje, o Jorge, generoso como sempre, mandou-me esta notícia do Le Monde, que fala de um escândalo. O compositor Mamoru Samuragochi, a quem chamavam o «Beethoven da era digital», devido à sua surdez, que se tornou total quando tinha quinze anos, notabilizou-se, acima de tudo, pela obra Sinfonia nº 1, Hiroshima.




Mamoru Samuragochi
 

         Há dias, Samuragochi reconheceu numa conferência de imprensa que não era ele o autor da obra, dessa e das outras. Ou, melhor, que tinha sido ajudado por um «compositor fantasma», que já apareceu entretanto. Há dezoito anos que Takashi Niigaki trabalhava na sombra para a glória de Mamoru Samuragochi. Porquê? Por timidez? Por avidez de dinheiro? Certamente não foi por acaso, por uma serendipity. Acaso, acaso feliz, foi o Jorge ter-me mandado esta notícia. Obrigado, Fátima e Jorge, do
 
António Araújo






P.S. - o Jorge acaba de me informar que, segundo diz aqui,

Samuragochi nem surdo era!

 
 
 
 
 

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