E pronto, cá está uma página de
publicidade à Netflix, que emite a série The Keepers. Sim, sei que é
controversa, que muito do que ali se diz é contestado (ver aqui, por exemplo). E
não, não vamos converter a Irmã Catherine Cesnik na nova Laura Palmer, nem o
Padre Maskell no vilão da história (muita wikipedia, aqui). Mas que Catherine Cesnik desapareceu em
Baltimore, em 1969, é um facto indesmentível. Que a Irmã Cesnik dava aulas de
literatura no Instituto Arcebispo Keough é também insofismável. Como o é o
facto de o seu cadáver ter aparecido meses depois. E que foi assassinada. E
que, décadas depois, algumas das suas antigas alunas, hoje com 70 e tal anos,
decidiram acusar o Padre Maskell também é um facto. Se o padre é culpado ou não,
isso é uma outra coisa. De igual modo, é um facto que as antigas alunas da
freira Cesnik dizem que o conselheiro espiritual do Instituto – sim, o Padre
Maskell – abusava sexualmente delas.
Catherine Cesnik
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Joseph Maskell
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A primeira a queixar-se foi Jean Hargadon,
em 2014. Sim, em 2014. Muitos, muitos anos depois dos alegados abusos. Desde
que Jean falou, outras 40 mulheres também falaram – e isso é outro facto. Se o
fizeram por imaginação ou não, se agiram concertada e malevolamente, isso fica
com cada qual. Como caberá a cada qual dizer se o Padre Maskell, ou alguém por
ele, esteve ligado ao homicídio da Irmã Cesnik. E qual o motivo para o fazer?
Perguntem a Ryan White, o documentarista autor da série da Netflix. Ao que
parece, o Padre Maskell acabou por ser transferido para uma instituição de
ensino para rapazes, onde – dizem – continuou a abusar de menores, desta feita
do sexo masculino. A arquidiocese de Baltimore questionou a veracidade de muito
do que se diz em The Keepers, mas admitiu a existência de abusos sexuais e até
chegou a acordo com muitas das vítimas, que são muitas, e muito vítimas.
Passaram 50 anos, tudo prescreveu. Quem tem medo de Catherine Cesnik?
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