11.
Henry Osborne Havemeyer (1847-1907)
legou ao Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, aquela que é unanimente
considerada a cópia mais perfeita de A
Grande Onda.
Industrial e grande empresário,
fundador e presidente da American Sugar Refining Company,
H. O. Havemeyer é o protótipo do milionário filantropo norte-americano de
finais do século XIX, que acumulou uma enorme fortuna através de um trust de refinarias de açúcar, alvo de uma
investigação do Congresso em 1894 e de um processo por fraude aduaneira em
1907, ano da morte súbita daquele que era conhecido por «Rei do Açúcar».
Casado em segundas núpcias com
Louisine Waldren Elder (1855-1929), Henry (Harry) Havemeyer
notabilizou-se pela sua extraordinária colecção de instrumentos musicais e de arte,
esta última feita em conjunto com sua mulher, tendo o casal adoptado o
princípio de que nenhum dos cônjuges poderia integrar uma peça na sua colecção
sem o consentimento do outro.
As primeiras aquisições de Henry Hovemeyer
foram efectuadas em 1876, quando visitou a Exposição de Filadélfia na companhia
do pintor Samuel Colman (1832-1920), onde adquiriu um vasto número de
objectos, como figuras em marfim, caixas lacadas do Japão, espadas, etc. O
gosto de sua mulher incidiu sobretudo nos impressionistas, em parte devido à
influência e amizade de Mary Stevenson Cassatt
(1844-1926), descrita pelo crítico e jornalista francês Gustave Geffroy
como uma das «trois grandes dames» daquela corrente artística.
Mary
Cassatt aconselhou Louisine Havemeyer a adquirir trabalhos de Edgar Degas e de
Claude Monet, tendo Louisine realizado nada menos que 33 viagens transatlânticas
para comprar obras de arte europeias.
No
seu testamento, Louisine Havemeyer legou 142 obras ao Metropolitan Museum of
Art de Nova Iorque, que posteriormente recebeu mais 1.967 peças que se
encontravam na casa Havemeyer na 5ª Avenida.
Ainda hoje a H. O. Havemeyer Collection
é considerada dos mais vastos e importantes acervos artísticos reunido por um
particular no século XIX, tendo ficado célebre na época a compra num curto
lapso temporal de oito retratos pintados por Rembrandt. Diz-se que Louisine
Havemeyer terá sido, muito provavelmente, o primeiro americano a comprar um
quadro de Monet e na colecção Havemeyer é possível admirar pinturas e outros
trabalhos de Monet, Daumier, Degas, Corot, Courbet, Manet, Cézanne, entre muitos
outros, onde se destacam nomes da escola espanhola, Veronese, El Greco ou
Rembrandt. Um outro grande coleccionador,
Albert C. Barnes, chamou ao acervo do casal Havemeyer «the best and wisest
collection in America», como se refere no livro Splendid Legacy. The Havemeyer Collection (Metropolitan Museum of
Art, 1993), catálogo da exposição inaugurada em 1993 no Metropolitan Museum of
Art, sobre a qual pode ler-se uma extensa notícia do The New York Times.
No endereço electrónico da Thomas J.
Watson Library do Metropolitan Museum of Art, e em resuiltado de uma doação
anónima efectuada em 1982, é possível consultar a correspondência de
Louisine Havemeyer e Mary Cassatt (aqui e aqui),
devendo-se a esta última, como atrás se referiu, a compra por Louisine de
trabalhos de Degas e de Monet.
Curiosamente, quer H. O. Havemeyer
quer Claude Monet foram proprietários de dois exemplares de A Grande Onda, por sinal ambos de grande
qualidade, apenas com a diferença da cópia de Monet ser de dimensão um pouco
mais reduzida (24.1 x 36.2 cm) do que a do industrial norte-americano (25.3 x
37 cm).
A Grande Onda não foi a única xilogravura
de Hokusai que Monet possuiu. Além dela, e entre outras (cf. aqui),
a vista do Monte Fuji em tons avermelhados, que durante várias décadas, quase
um século, foi para os japoneses muito mais emblemática e apreciada do que a
vaga monstruosa de Kanagawa.
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