sábado, 9 de março de 2019

Cómicos censurados.

 

 
 

Há pouco teve lugar na Biblioteca Nacional uma fantástica exposição sobre a saudosa Agência Portuguesa de Revistas. E também há pouco, na Faculdade de Letras, Ricardo Leite Pinto defendeu com brilho a sua tese de doutoramento sobre a censura às publicações juvenis no Estado Novo. Vi agora que saiu em Espanha, o reino das traduções, uma versão castelhana do livro The Ten-Cent Plague: The Great Comic Book Scare and How It Changed America. Pode encontrar-se uma análise desenvolvida aqui. O autor, David Hajdu, aborda em detalhe os discursos – e as práticas legais – que em meados da década de 1950 justificaram desconfiança sobre os malefícios dos comics. Um famoso psiquiatra chegou a afirmar, no não menos famoso A Sedução dos Inocentes, que «comparado à indústria dos comics, Hitler era um principiante». A coisa terminou em boa forna: ao invés de invocar a liberdade de expressão e de criação, como era apanágio das editoras em apuros (por exemplo, a Random House com o Ulisses de Joyce), a indústria optou pela auto-regulação, criou a Comics Code Autorithy e miúdos e graúdos puderam continuar a ser deliciosamente pervertidos por heróis de papel. Much ado about nothing.
 
 
 
 
 


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