Há
pouco teve lugar na Biblioteca Nacional uma fantástica exposição sobre a
saudosa Agência Portuguesa de Revistas. E também há pouco, na Faculdade de Letras,
Ricardo Leite Pinto defendeu com brilho a sua tese de doutoramento sobre a
censura às publicações juvenis no Estado Novo. Vi agora que saiu em Espanha, o
reino das traduções, uma versão castelhana do livro The Ten-Cent Plague: The Great Comic Book Scare and How It Changed America.
Pode encontrar-se uma análise desenvolvida aqui. O autor, David Hajdu,
aborda em detalhe os discursos – e as práticas legais – que em meados da década
de 1950 justificaram desconfiança sobre os malefícios dos comics. Um famoso psiquiatra chegou a afirmar, no não menos famoso A Sedução dos Inocentes, que «comparado à
indústria dos comics, Hitler era um principiante». A coisa terminou em boa
forna: ao invés de invocar a liberdade de expressão e de criação, como era apanágio
das editoras em apuros (por exemplo, a Random House com o Ulisses de Joyce), a indústria optou pela auto-regulação, criou a
Comics Code Autorithy e miúdos e graúdos puderam continuar a ser deliciosamente
pervertidos por heróis de papel. Much ado about nothing.
que "comparado à indústria
ResponderEliminarCorrigido, muito obrigado!
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