Esta semana há aqui um batalhão de gente qualificada a
servir cafés – não desfazendo dos empregados da Sandro 2000. Podiam ser servidos à razão de 3-4 por dia, tamanha é
a galeria de colossos que se habilitou expressa ou cimbalinamente a fazê-lo
para nosso obséquio.
Arriscariam, todavia, a interferir com a filosofia da
quietude que é a desta rubrica. O café sempre é uma substância psicoativa
excitante. Há, pois, que ser comedida.
A importância do café é tal que Bach lhe consagrou uma cantata profana. Sim, esse
Bach, o Johann S. da Paixão Segundo S.
Mateus; o Bach de quem Emil Cioran dizia “se existe alguém que tudo deve a Bach, esse alguém é Deus”.
Pois nessa cantata,
a do café, canta-se coisas como: “se
não puder beber a minha chávena de café três vezes ao dia, então no meu
tormento acabarei encarquilhado como um pedaço de cabrito assado”.
Em suma: em Bach há as cantatas de Deus, as cantatas
do Príncipe, e a cantata do Café. Não é preciso dizer mais nada.
A abrir, Peggy Lee. São bem precisas umas quantas
bicas para despertar da hipnose que é a voz desta criatura.
Manuela Ivone Cunha
Sem comentários:
Enviar um comentário