segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Vidas singulares: Cécile Aubry (1928-2010).

 
 
 
 

 
Esta boneca Anita é muito bonita mas já faleceu (e com 81 anos). Chamava-se na realidade Anne-José Bénard mas ficou mais conhecida por Cécile Aubry, nome artístico de uma promissora carreira como actriz, onde chegou a contracenar com Tyrone Power e Orson Welles. São porém os livros infanto-juvenis, adaptados à TV e ao cinema, que lhe deram (boa) fama. Bela e Sebastião, acima de todos, que até deu nome a uma banda musical escocesa, como sabeis. Este afecto às letras, ao que parece, foi ditado pelo seu casamento, na Mesquita de Paris, com um senhor de nome Si Brahim el Glaoui, filho do paxá de Marraquexe, ou seja, gente islâmica bem instalada na vida que, provavelmente, sugeriu à actriz que se deixasse de fitas. Quando se lê o livro da Bela e do Sebastião, quando se vê a saudosa série da televisão e quando se vê o filme mais recente com o mesmo nome, fica-se com a impressão que aquilo é tudo um revisitar nostálgico da velha França, de valores profundos, branca, católica, hetero ou mesmo assexuada. No entanto, nem tudo é o que parece. Para já, o Sebastião é um ciganito, filho de uma cigana que morreu ao dar-lhe luz nas montanhas. Depois, quem o interpretou na série foi o filho de Cécile e do marroquino. Tudo, portanto, bastante multicultural e inclusivo. O jovem actor Mehdi El Mezouari El Glaoui, entrou em todas as séries que a mãe dirigiu, inspiradas nos seus romances: Poly, a já citada Bela e Sebastião e o mais teenager Le Jeune Fabre. Já mais entrado na idade, volta a entrar no filme Belle et Sébastien, que Nicolas Vanier dirigiu em 2013 (como personagem secundária, o caçador André). À boleia do sucesso da película, Mehdi publicou nesse ano de 2013 as suas memórias, inevitavelmente chamadas La belle histoire de Sébastien. O moço Mehdi entrou na TV aos seis anos de idade, com Poly, e esteve lá 12 anos ininterruptos. Um pouco cansado de viver sob a égide de sua mãe Cécile, aos 17 anos estabeleceu-se por conta própria no mundo das artes. Mas, por mais que tenha feito na vida, será sempre conhecido pela sua camaradagem com uma cadela branquinha. Coisa que não percebo: a acção do livro passa-se nos Pirinéus e a Bela é um cão pirenaico. Pois para que foi Nicolas Vanier mudar a trama para os Alpes?
 
 

 
 
 
 
 

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