quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Vidas singulares: Luisa Casati (1881-1957).



 
 
 
         Já todos ouviram falar de Luisa Casati (ou Luisa, Marchesa Casati Stampa di Soncino), pelo que não há sequer razão para lhe dedicar uma posta destas. E, menos ainda, para copiar vergonhosamente a Wikipedia, padroeira dos grandes artistas. Também a Casati o foi, patrona de grandes artistas e musa e marquesa e mulher, por sinal riquíssima. Dizem mesmo que Luisa Adele Rosa Maria Amman foi, a seu tempo (1881-1957), a mulher mais rica de Itália. Herdou muito nova, por morte da mãe (tinha ela 13) e do pai (tinha ela 15). Amante de D’Annunzio, poeta exquis, casou com um marquês, mas o casal manteve comodamente residências separadas durante toda a vida matrimonial. A doideira familiar prolongou-se geneticamente, bastando dizer que um bisneto de Luisa, com o nome catita de Péricles Plantageneta James Casati Wyatt, snado em 1963, e notabilizou e notabiliza como gerente de parque aquáticos no Arizona. A bisavó comprou um grande palazzo no Grande Canal, Veneza, mais tarde adquirido por Peggy Guggenheim para aí instalar o museu com o seu nome, Museu Giggenheim. Nessa casita, a Casati tinha, por exemplo, um criado só para alimentar um pavão, por forma a que o dito pavão, alimentado ao minuto, não saísse do seu lugar, no vão de uma janela, onde a sua silhueta fazia um efeito que a senhora marquesa apreciava visualizar. Como apreciava sair à noite na Praça de São Marcos, alas abertas por criados negros carregando tochas – e dois leopardos a ladear, uivantes. A marquesa percorria a praça vestida de peles tão-só, isto é, nua. Também houve dois papagaios albinos que a Casati pintava, como se fossem bonecos, com as cores que lhe pareciam mais adequadas a cada dia. Uma esteta, portanto. Depois, foi para Capri, arrendou e tomou de assalto a casa famosa de Axel Munthe. Desembarcou na ilha, note-se, com dois criados negros, dois leopardos, dois cãos greyhound, duas gazelas, dois papagaios, uma cobra boa constritor, um mocho e muita, muita bagagem. É claro que brincadeiras destas custavam um tanto, e a Casati acumulou uma dívida de 25 milhões. Teve de colocar as suas coisas, que eram muitas, muitas, a leilão, tendo Coco Chanel sido uma das arrematantes, sua cabra colaboracionista. Depois foi para Inglaterra, onde se resguardou em apartamento com só um quarto, ou seja, na miséria. Em resultado disto, claro, morreu de ataque, aos 76 anos da mais completa doideira. Mesmo post mortem continuou a inspirar actrizes como Vivien Leigh e Ingrid Bergman e um arraial de costureiros, assim perfilados: John Galliano, Alexander McQueen, Karl Lagerfeld, Omar Mansoor e mais não conto porque a Wikipedia não deixa, mas há muitos links e livros.
 
 
 
 

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