Já todos ouviram falar de Luisa Casati (ou Luisa, Marchesa Casati Stampa di Soncino),
pelo que não há sequer razão para lhe dedicar uma posta destas. E, menos ainda,
para copiar vergonhosamente a Wikipedia, padroeira dos grandes artistas. Também a Casati
o foi, patrona de grandes artistas e musa e marquesa e mulher, por sinal riquíssima.
Dizem mesmo que Luisa Adele Rosa Maria Amman foi, a seu tempo (1881-1957), a
mulher mais rica de Itália. Herdou muito nova, por morte da mãe (tinha ela 13)
e do pai (tinha ela 15). Amante de D’Annunzio, poeta exquis, casou com um marquês, mas o casal manteve comodamente residências
separadas durante toda a vida matrimonial. A doideira familiar prolongou-se
geneticamente, bastando dizer que um bisneto de Luisa, com o nome catita de
Péricles Plantageneta James Casati Wyatt, snado em 1963, e notabilizou e
notabiliza como gerente de parque aquáticos no Arizona. A bisavó comprou um
grande palazzo no Grande Canal, Veneza, mais tarde adquirido por Peggy
Guggenheim para aí instalar o museu com o seu nome, Museu Giggenheim. Nessa
casita, a Casati tinha, por exemplo, um criado só para alimentar um pavão, por
forma a que o dito pavão, alimentado ao minuto, não saísse do seu lugar, no vão
de uma janela, onde a sua silhueta fazia um efeito que a senhora marquesa
apreciava visualizar. Como apreciava sair à noite na Praça de São Marcos, alas
abertas por criados negros carregando tochas – e dois leopardos a ladear,
uivantes. A marquesa percorria a praça vestida de peles tão-só, isto é, nua.
Também houve dois papagaios albinos que a Casati pintava, como se fossem
bonecos, com as cores que lhe pareciam mais adequadas a cada dia. Uma esteta,
portanto. Depois, foi para Capri, arrendou e tomou de assalto a casa famosa de
Axel Munthe. Desembarcou na ilha, note-se, com dois criados negros, dois
leopardos, dois cãos greyhound, duas gazelas, dois papagaios, uma cobra boa constritor,
um mocho e muita, muita bagagem. É claro que brincadeiras destas custavam um
tanto, e a Casati acumulou uma dívida de 25 milhões. Teve de colocar as suas
coisas, que eram muitas, muitas, a leilão, tendo Coco Chanel sido uma das
arrematantes, sua cabra colaboracionista. Depois foi para Inglaterra, onde se
resguardou em apartamento com só um quarto, ou seja, na miséria. Em resultado
disto, claro, morreu de ataque, aos 76 anos da mais completa doideira. Mesmo post mortem continuou a inspirar
actrizes como Vivien Leigh e Ingrid Bergman e um arraial de costureiros, assim perfilados:
John Galliano, Alexander McQueen, Karl Lagerfeld, Omar Mansoor e mais não conto
porque a Wikipedia não deixa, mas há muitos links e livros.
Sem comentários:
Enviar um comentário