quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Quem conhece as Vivian Girls?

 
 
 
 
 
 

    
 
 
       O muito encantador e assaz sabedor Nuno Quintas contou-me a história fabulosa de Henry Darger Jr. (1892-1973). Órfão de mãe aos quatro anos, educado em orfanatos, Henry foi uma pessoa cuja existência decorreu na mais pura solitude of the self, para usar a expressão tantas vezes aqui evocada da grande Elizabeth Cady Stanton. Teve empregos menores nos hospitais de Chicago e apenas um amigo durante toda a vida terrena. Quando morreu, em 1973, o senhorio descobriu no seu quarto uma enorme massa documental, espólio quilométrica. Várias centenas de desenhos e o manuscrito de um livro com um título comprido: The Story of the Vivian Girls, in What Is Known as the Realms of the Unreal, of the Glandeco-Angelinian War Storm, Caused by the Child Slave Rebellion (ver aqui). O texto, uma história de mistério e imaginação, tem mais de quinze mil páginas e, ao que sei, não foi ainda publicado na íntegra. Em complemento, Darger escreveu um volume romanesco mais conciso, de apenas dez mil páginas – Crazy House – e um relato autobiográfico também muito sintético, de somente 4.672 páginas. Agora, pós-morto, Darger é famoso, exposto em dezenas de galerias e museus, figura lendária da cultura popular americana. Já uma vez tinha falado aqui de outra história parecida, a de James Hampton. São ambas muito USA, e se tiverem mais não hesitem em trazê-las, como fez o Nuno, a quem agradeço muito, com um abraço amigo do
 
 
António Araújo



Henry Darger Jr. (1892-1973)




 
 

3 comentários:

  1. Conheço eu, pelo menos desde uma exposição sobre as principais coleções do museu Chicago art outsider que visitei em 1998 na muito recomendavel Halle Saint Pierre ( eis a capa do catalogo, que naturalmente comprei na altura : http://www.hallesaintpierre.org/wp-content/uploads/2012/01/IMG_2068.jpg ). Impossivel não ficar deslumbrado com as peças, e também com a historia perfeitamente incrivel deste marginal, um pouco retardado, traumatizado desde a infância pela perda duma irmã mais nova com poucos anos de vida.

    Saliente-se que ele não sabia desenhar, de maneira que todas as fabulosas composições que podemos ver (hoje reproduzidas em inumeros catalogos e livros dedicados ao artista), são feitas a partir de figurinos que ele decalcava em revistas de moda ou de actualidade, e depois ampliava ou diminuia consoante fosse necessario.

    Os quadros representam directamente as suas obsessões, que também inspiram a epopeia escrita a que alude o post : cenas paradisiacas com crianças decalcadas a partir de bonecas(a que ele muitas vezes acrescentava um sexo masculino, também ele de criança), que a seguir são cruelmente chacinados por militares.

    Impossivel ficar indiferente perante esta obra atormentada mas possante. Se tiverem oportunidade de ver os quadros, não percam.

    Boas

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    1. Lendo de novo o post, fui ver a entrada wikipédia sobre a irmã, que pelos vistos não morreu, mas foi dada para adopção logo apos a morte da mãe, quando Darger era ainda muito novo.

      Boas

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    2. Muito obrigado!

      António Araújo

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