domingo, 21 de outubro de 2012

Cadavre exquis.






 



 
 
 
Um livro fascinante de Sergio Luzatto descreve as andanças do cadáver de Mussolini: Il corpo del duce. Un cadavere tra immaginazione, storia e memoria (Turim, 1998). No domínio da ficção, Santa Evita, de Tomás Eloy Martínez, explora a história macabra, mistura de realidade e de lenda, do cadáver de Evita Perón e da sua profanação. Agora, foi a vez das artes plásticas se debruçarem sobre o corpo morto e esfacelado de Muammar al-Gaddafi (ou Kadafi). Praticamente em simultâneo, num involuntário cadavre exquis, a inglesa Jenny Saville, o italiano Luca del Baldo e o chinês Yan Pei-Ming retrataram em pincel as impressionantes imagens que as máquinas fotográficas já haviam registado. A coincidência, desvendada no The Arts Newspaper, aqui, é também desenvolvida aqui. Apesar de muito aclamada, não gosto da obra de Jenny Saville, grotesca e previsível na sua morbidez. Em breve, falarei aqui de Luca del Baldo. Não pela sua qualidade artística, mediana ou até medíocre. Mas por ser um pintor que se tem dedicado à estranha arte de retratar cadáveres famosos, de Ceaucescu a Che Guevara.
 
António Araújo  
 
Jenny Saville, com o seu retrato de Kadafi

Ubu Roi, Cabeça de Kadafi, de Luca del Baldo

Luca del Baldo

Luca del Baldo

Yan Pei-Ming, Corpo de Kadafi

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