Um
livro fascinante de Sergio Luzatto descreve as andanças do cadáver de Mussolini:
Il corpo del duce. Un cadavere tra
immaginazione, storia e memoria (Turim, 1998). No domínio da ficção, Santa Evita, de Tomás Eloy Martínez, explora
a história macabra, mistura de realidade e de lenda, do cadáver de Evita Perón
e da sua profanação. Agora, foi a vez das artes plásticas se debruçarem sobre o
corpo morto e esfacelado de Muammar al-Gaddafi (ou Kadafi). Praticamente em
simultâneo, num involuntário cadavre exquis, a inglesa Jenny Saville, o italiano Luca del Baldo e o chinês Yan
Pei-Ming retrataram em pincel as impressionantes imagens que as máquinas
fotográficas já haviam registado. A coincidência, desvendada no The Arts Newspaper, aqui, é também desenvolvida aqui. Apesar de
muito aclamada, não gosto da obra de Jenny Saville, grotesca e previsível na sua morbidez. Em breve, falarei aqui de Luca del Baldo. Não pela sua qualidade artística,
mediana ou até medíocre. Mas por ser um pintor que se tem dedicado à estranha
arte de retratar cadáveres famosos, de Ceaucescu a Che Guevara.
António Araújo
Jenny Saville, com o seu retrato de Kadafi
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Ubu Roi, Cabeça de Kadafi, de Luca del Baldo
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Luca del Baldo
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Luca del Baldo
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Yan Pei-Ming, Corpo de Kadafi
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