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Fotografias de João Cortes
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Esteve ali anos sem fim. Era a mais antiga na casa, aquela a quem concediam o
privilégio de trabalhar na melhor Oliva. Horas a fios, entre acertos e bainhas,
agarrada a uma máquina a que agora chamam «objecto icónico». Depois veio o incêndio no andar de cima,
e tiveram que parar a laboração, restando apenas ela e a Oliva para os arranjos d’occasião.
Só, na Sé, a costureirinha encurvada sobrevivia às horas, na paixão pretérita por um rapaz de farda. Entretanto, lá no Norte, e até veio nos
noticiários, fecharam a fábrica da Oliva, um edifício elegante, quase tão bonito como o
rapaz da farda. Cada dia mais falha da vista, começou a ficar perturbada nos
seus entendimentos; e a fenecer, a fenecer. Quando lá voltei, não a encontrei.
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