Elena Piatok
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Elena Piatok,
nascida no México, vive em Lisboa, organiza actualmente a 2ª Judaica. Como chegou
até aqui?
Nasci de pais polacos que sobreviveram à guerra como
prisioneiros dos russos na Sibéria. No fim da guerra, e após uma errância de cinco
anos, chegaram ao México em 1950. Foi aí que nasci.
Fazendo fast-forward,
em 1974 encontrava-me a completar um mestrado em Literatura Japonesa na
Universidade de Stanford, na Califórnia. Queria saber o que era a Revolução dos
Cravos. No dia 9 de Dezembro, após fazer escala no aeroporto JFK, desembarquei
na Portela e, ao meu lado, um formoso gentleman
português ofereceu-se para ajudar a resolver o aborrecimento da minha mala
extraviada. Foi fulminante... a revolução estava feita!
Marcos, de seu nome, resolveu emigrar para Toronto e
decidi segui-lo. Quis o destino que entrasse para a carreira diplomática e
assim passámos treze invernos nesse país extraordinário, onde nasceram os meus
dois filhos. Treze invernos, digo eu, mais a oportunidade de ser colocada na
Embaixada do México em Lisboa fizeram com que em 1989 nos mudássemos para
Portugal. Tive a imensa sorte de poder desempenhar as funções de Conselheira
Cultural da Embaixada do México até 1998. Foi-me oferecido um cargo no
Ministério dos Negócios Estrangeiros na Cidade do México, mas não hesitei em
renunciar à carreira diplomática para poder ficar por cá. Encontrei um nicho
interessante de trabalho como Intérprete de Conferências, que ainda é a minha
profissão.
Como
surgiu a ideia de organizar a Judaica?
O site do Festival de Cinema Judaico de Londres oferecia
apoio para desenvolver festivais
internacionais... Em 2012 fui muitas vezes a Londres e conheci a
Directora do Festival, que achou muito interessante a ideia de organizar um
festival em Lisboa. Voltei convencida que era a coisa mais fácil do mundo! Fiz
a proposta ao Cinema São Jorge e à EGEAC, que acolheram a iniciativa desde o
primeiro momento. Assim começámos a trabalhar. Com aquilo que chamo “beginner’s luck”, porque Londres
acabou por não participar. Acredite, sou a primeira pessoa a ficar surpreendida
pelo facto de ter criado esta Mostra! Mas, ao mesmo tempo, tenho uma profunda
convicção de que é uma iniciativa interessante e até muito necessária!
Esta é a segunda edição. O que tivemos o ano passado e, sobretudo, o que teremos este ano?
Tive a grande sorte de poder exibir “O Comboio da Vida”
do Radu Mihaileanu, a “Lore” e, sobre tudo a “Hannah Arendt”. Foram, sem
dúvida, os maiores trunfos da primeira edição. Tive 1400 espectadores o que,
para uma primeira edição de um certame com um tema tão específico, é muito bom!
Este ano o cartaz é também muito rico. A minha grande
preocupação foi fazer uma escolha criteriosa de filmes e documentários
que agradem ao público-alvo. Visionei muitas e muitas obras exibidas em
diversos festivais de cinema judaico, mas esta uma Mostra com apenas 13 filmes,
tive de ponderar muito bem o que poderia ser mais interessante e expressivo.
O Cardeal Judeu,
em exibição no Cinema São Jorge, dia 30 de Março
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Sem ter pensado propositadamente, dei conta que o
primeiro documentário, “A Lua é Judia”, trata de um skinhead anti-semita que
descobre ser judeu e se converte em judeu ortodoxo, enquanto que o filme de
encerramento trata da vida do Cardeal Lustiger, um judeu que, com 14 anos se
converte ao catolicismo. Vejo isto como um círculo metafórico em que cabem
todos os outros filmes. Gosto de pensar nesta Judaica como isso: um ponto de
partida e de chegada... pelo meio, filmes que nos confrontam constantemente com
questões de identidade: quem somos? conhecemos quem amamos? quem é o outro?
O realizador convidado, Ziad Doueri, autor de “O
Atentado” irá certamente falar nesta e muitas outras questões que atravessam o
seu filme, pelo mero facto de ser um cidadão libanês que se atreveu a filmar em
Israel.
O Atentado,
em exibição no Cinema São Jorge, dia 27 de Março
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Mas um percurso pelo site da Mostra dará uma ideia mais perfeita da índole variada das narrativas que
vamos apresentar (ver esta apresentação). Sou suspeita, claro, mas encontro em cada uma destas obras
algo de particularmente forte: as personagens femininas da “Rosinha”, do ”Fim
de Temporada”, de “Os Vivos e os Mortos”, a extraordinária jovem actriz de “O
Médico Alemão”... os filmes israelitas de temática completamente diferente da
habitual, sem esquecer a belíssima curta-metragem, “Sapatos”, que nos seus 16
minutos mudos encerra um Universo inteiro.
Para escolas e famílias, a história do pequeno Petr Ginz,
vítima do horror nazi, um documentário que conta com o apoio do programa das
Nações Unidas para o Ensino do Holocausto, mas também um outro documentário,
“Dançar em Gaza” que é uma pura celebração de abertura e amizade entre
crianças palestinianas e israelitas que têm a coragem de participar num
concurso de dança.
Este ano também, 3 sessões especiais dedicadas à Rota das
Judiarias, ao Richard Zimler e uma singela homenagem a um homem que admiro
profundamente, Jan Karski, no centenário do seu nascimento.
E, ao longo da Mostra, teremos uma feira do livro onde
estarão disponíveis alguns dos muitos títulos de autores judeus e de temática
judaica traduzidos para Português.
Entrevista de António Araújo
tanta propaganda ,,,,,há uma Palestiniana também? e uma nat-sozi?
ResponderEliminarfalta pluralismo no cinema né cadê a iraniana
insultar as pessoas não gera consensos como disse o rei du insulto sô ares
ResponderEliminarele gosta muito de jornalistas
já de judaica II num sey
isso leva quanto de subsídio cultural?
que tal um filme dum judeu queimado pela inquisição ou pela ditadura que se avizinha segundo galarza,,,,ou é segundo soares
um tá morto e o outro está morto-vivo mas confundo sempre
authores judeus isso é o quê?
authores christãos authores mormons?
isso de fazer cinema religioso é muito estado novo né?