segunda-feira, 10 de março de 2014

Judaica - 2ª Mostra de Cinema e Cultura: entrevista a Elena Piatok.

 
 
 
 
 
Elena Piatok

 
 
 
Elena Piatok, nascida no México, vive em Lisboa, organiza actualmente a 2ª Judaica. Como chegou até aqui?
Nasci de pais polacos que sobreviveram à guerra como prisioneiros dos russos na Sibéria. No fim da guerra, e após uma errância de cinco anos, chegaram ao México em 1950. Foi aí que nasci.
Fazendo fast-forward, em 1974 encontrava-me a completar um mestrado em Literatura Japonesa na Universidade de Stanford, na Califórnia. Queria saber o que era a Revolução dos Cravos. No dia 9 de Dezembro, após fazer escala no aeroporto JFK, desembarquei na Portela e, ao meu lado, um formoso gentleman português ofereceu-se para ajudar a resolver o aborrecimento da minha mala extraviada. Foi fulminante... a revolução estava feita!
Marcos, de seu nome, resolveu emigrar para Toronto e decidi segui-lo. Quis o destino que entrasse para a carreira diplomática e assim passámos treze invernos nesse país extraordinário, onde nasceram os meus dois filhos. Treze invernos, digo eu, mais a oportunidade de ser colocada na Embaixada do México em Lisboa fizeram com que em 1989 nos mudássemos para Portugal. Tive a imensa sorte de poder desempenhar as funções de Conselheira Cultural da Embaixada do México até 1998. Foi-me oferecido um cargo no Ministério dos Negócios Estrangeiros na Cidade do México, mas não hesitei em renunciar à carreira diplomática para poder ficar por cá. Encontrei um nicho interessante de trabalho como Intérprete de Conferências, que ainda é a minha profissão.
 
 
Como surgiu a ideia de organizar a Judaica?
O site do Festival de Cinema Judaico de Londres oferecia apoio para desenvolver festivais  internacionais... Em 2012 fui muitas vezes a Londres e conheci a Directora do Festival, que achou muito interessante a ideia de organizar um festival em Lisboa. Voltei convencida que era a coisa mais fácil do mundo! Fiz a proposta ao Cinema São Jorge e à EGEAC, que acolheram a iniciativa desde o primeiro momento. Assim começámos a trabalhar. Com aquilo que  chamo “beginner’s luck”, porque Londres acabou por não participar. Acredite, sou a primeira pessoa a ficar surpreendida pelo facto de ter criado esta Mostra! Mas, ao mesmo tempo, tenho uma profunda convicção de que é uma iniciativa interessante e até muito necessária!

Esta é a segunda edição. O que tivemos o ano passado e, sobretudo, o que teremos este ano?
Tive a grande sorte de poder exibir “O Comboio da Vida” do Radu Mihaileanu, a “Lore” e, sobre tudo a “Hannah Arendt”. Foram, sem dúvida, os maiores trunfos da primeira edição. Tive 1400 espectadores o que, para uma primeira edição de um certame com um tema tão específico, é muito bom!
Este ano o cartaz é também muito rico. A minha grande preocupação foi fazer uma escolha criteriosa de filmes e documentários que agradem ao público-alvo. Visionei muitas e muitas obras exibidas em diversos festivais de cinema judaico, mas esta uma Mostra com apenas 13 filmes, tive de ponderar muito bem o que poderia ser mais interessante e expressivo.
 
O Cardeal Judeu,
em exibição no Cinema São Jorge, dia 30 de Março
 
 
 
Sem ter pensado propositadamente, dei conta que o primeiro documentário, “A Lua é Judia”, trata de um skinhead anti-semita que descobre ser judeu e se converte em judeu ortodoxo, enquanto que o filme de encerramento trata da vida do Cardeal Lustiger, um judeu que, com 14 anos se converte ao catolicismo. Vejo isto como um círculo metafórico em que cabem todos os outros filmes. Gosto de pensar nesta Judaica como isso: um ponto de partida e de chegada... pelo meio, filmes que nos confrontam constantemente com questões de identidade: quem somos? conhecemos quem amamos? quem é o outro?
O realizador convidado, Ziad Doueri, autor de “O Atentado” irá certamente falar nesta e muitas outras questões que atravessam o seu filme, pelo mero facto de ser um cidadão libanês que se atreveu a filmar em Israel. 
 
 
O Atentado,
em exibição no Cinema São Jorge, dia 27 de Março
 
Mas um percurso pelo site da Mostra dará uma ideia mais perfeita da índole variada das narrativas que vamos apresentar (ver esta apresentação). Sou suspeita, claro, mas encontro em cada uma destas obras algo de particularmente forte: as personagens femininas da “Rosinha”, do ”Fim de Temporada”, de “Os Vivos e os Mortos”, a extraordinária jovem actriz de “O Médico Alemão”... os filmes israelitas de temática completamente diferente da habitual, sem esquecer a belíssima curta-metragem, “Sapatos”, que nos seus 16 minutos mudos encerra um Universo inteiro.
Para escolas e famílias, a história do pequeno Petr Ginz, vítima do horror nazi, um documentário que conta com o apoio do programa das Nações Unidas para o Ensino do Holocausto, mas também um outro documentário, “Dançar em Gaza” que é uma pura celebração de abertura e amizade entre crianças palestinianas e israelitas que têm a coragem de participar num concurso de dança.
Este ano também, 3 sessões especiais dedicadas à Rota das Judiarias, ao Richard Zimler e uma singela homenagem a um homem que admiro profundamente, Jan Karski, no centenário do seu nascimento.
E, ao longo da Mostra, teremos uma feira do livro onde estarão disponíveis alguns dos muitos títulos de autores judeus e de temática judaica traduzidos para Português.
 
 
Entrevista de António Araújo

 
 

 
 
 
 

 

2 comentários:

  1. tanta propaganda ,,,,,há uma Palestiniana também? e uma nat-sozi?
    falta pluralismo no cinema né cadê a iraniana

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  2. insultar as pessoas não gera consensos como disse o rei du insulto sô ares

    ele gosta muito de jornalistas

    já de judaica II num sey

    isso leva quanto de subsídio cultural?

    que tal um filme dum judeu queimado pela inquisição ou pela ditadura que se avizinha segundo galarza,,,,ou é segundo soares
    um tá morto e o outro está morto-vivo mas confundo sempre

    authores judeus isso é o quê?

    authores christãos authores mormons?

    isso de fazer cinema religioso é muito estado novo né?

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