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eu recuso o fado. Porém, hoje, não podemos ignorar o relativo enraizamento,
especialmente em zonas urbanas, que o fado conseguiu, mesmo uma série de
cultivadores do género que com honestidade e espontaneidade encontram no fado a
expressão das suas sensibilidades e maneiras de pensar. E a questão põe-se:
qual será o papel dos artistas populares que após o 25 de Abril cantam e
divulgam as lutas do Povo e a sua Cultura? Ignorar o fado? Combater o fado?
Utilizá-lo?
Penso que a posição correcta dos artistas
empenhados na luta, lado a lado com o povo, é também um pouco didáctica. Neste
sentido, devemos apresentar em relação ao fado uma alternativa séria e
revolucionária, baseada nos hábitos e tradições do nosso povo. Nas suas relações
com o meio e o trabalho, enfim, na verdadeira cultura popular. Não será uma
coisa fácil, pois sabemos a importância da cultura dominante e a influência da
penetração do imperialismo, mas o acontecimento, o estudo e a ligação com as
massas dar-nos-ão os elementos necessários para avançar. É esse o nosso
trabalho.»
Eduardo
Paes Mamede
Conhece-se o que fez depois e acho que se ficou pelo sério mas muito pouco revolucionário e que de alternativa baseada nos hábitos e tradições do povo não tem a ponta de um chifre .
ResponderEliminarA cultura dominante e o imperialismo são lixadas quando chega a altura de nos ligarmos às massas ...
Este magnífico apontamento voltou outra vez a acender uma pergunta na minha cabeça.
ResponderEliminarEstes senhores pensarão hoje que naquela altura pensavam?