Não,
não são conselhos de moda & lifestyle
nem é a próxima colecção Outono/Inverno de uma marca qualquer. São roupas,
roupas vulgaríssimas. As roupas de vítimas de violação. Well, What Were You Wearing?, um projecto da fotógrafa
norte-americana Katherine Cambareri, que
parte da noção, acertadíssima (basta recordar um famigerado acórdão do SupremoTribunal de Justiça sobre o «macho ibérico»), de que existe um preconceito ou estereótipo segundo o qual muitas agressões sexuais são
motivadas pelo facto de as vítimas usarem roupas provocantes e sensuais,
irresistíveis para os predadores brutais. Como se lhes não assistisse o direito
de se vestirem como quisessem... A questão é juridicamente complexa, mas só caso a caso poderemos aferir da existência, ou não, de
«consentimento» para relações sexuais. Aqui, o que impressiona, nestas imagens
de fundo escuro, é a «banalidade» das roupas das vítimas. Em alguns sites, chega-se a dizer que estas eram
as roupas dos agressores, não das agredidas… Roupas de todos os dias,
normalíssimas, nada apelativas ou especialmente sensuais (e, repete-se, mesmo
que o fossem nada justificaria o crime, que fique bem claro). Para desenvolver
este projecto, que continua a aceitar contributos, Katherine inspirou-se num livro sobre agressões sexuais nos campuses das universidades dos Estados Unidos. Segundo um estudo do
Departamento de Justiça dos EUA, realizado em nove campus universitários, cerca de 21% das mulheres sofreram
alguma espécie de agressão sexual ao longo da sua permanência na academia.
Katherine contactou algumas vítimas – vítimas de violação – e pediu-lhes tão-só
que mostrassem a roupa que usavam no momento em que foram brutalizadas. As
imagens, só por si, nada dizem; são roupas banais, usadas e rasgadas. Quase tão
banais, usadas e rasgadas como as mulheres que as vestiam. Num dia de sol ou
chuva, algures perto de si.
Muito, muito bom. Partilhe no facebook. É importante que as pessoas leiam. A mensagem tem que ser espalhada. Lida e relida. Paula
ResponderEliminarMuito, muito bom. Partilhe no facebook. É importante que as pessoas leiam. A mensagem tem que ser espalhada. Lida e relida. Paula
ResponderEliminarMuito obrigado. Infelizmente, não tenho Facebook, mas concordo que a mensagem deve ser partilhada
ResponderEliminarCordialmente
António Araújo