terça-feira, 29 de novembro de 2016

Roupa de marca.

 
 
 












 
 


Não, não são conselhos de moda & lifestyle nem é a próxima colecção Outono/Inverno de uma marca qualquer. São roupas, roupas vulgaríssimas. As roupas de vítimas de violação. Well, What Were You Wearing?, um projecto da fotógrafa norte-americana  Katherine Cambareri, que parte da noção, acertadíssima (basta recordar um famigerado acórdão do SupremoTribunal de Justiça sobre o «macho ibérico»), de que existe um preconceito ou estereótipo segundo o qual  muitas agressões sexuais são motivadas pelo facto de as vítimas usarem roupas provocantes e sensuais, irresistíveis para os predadores brutais. Como se lhes não assistisse o direito de se vestirem como quisessem... A questão é juridicamente complexa, mas só caso a caso poderemos aferir da existência, ou não, de «consentimento» para relações sexuais. Aqui, o que impressiona, nestas imagens de fundo escuro, é a «banalidade» das roupas das vítimas. Em alguns sites, chega-se a dizer que estas eram as roupas dos agressores, não das agredidas… Roupas de todos os dias, normalíssimas, nada apelativas ou especialmente sensuais (e, repete-se, mesmo que o fossem nada justificaria o crime, que fique bem claro). Para desenvolver este projecto, que continua a aceitar contributos, Katherine inspirou-se num livro sobre agressões sexuais nos campuses das universidades dos Estados Unidos. Segundo um estudo do Departamento de Justiça dos EUA, realizado em nove campus universitários, cerca de 21% das mulheres sofreram alguma espécie de agressão sexual ao longo da sua permanência na academia. Katherine contactou algumas vítimas – vítimas de violação – e pediu-lhes tão-só que mostrassem a roupa que usavam no momento em que foram brutalizadas. As imagens, só por si, nada dizem; são roupas banais, usadas e rasgadas. Quase tão banais, usadas e rasgadas como as mulheres que as vestiam. Num dia de sol ou chuva, algures perto de si.
 
 
 
 

 

3 comentários:

  1. Muito, muito bom. Partilhe no facebook. É importante que as pessoas leiam. A mensagem tem que ser espalhada. Lida e relida. Paula

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  2. Muito, muito bom. Partilhe no facebook. É importante que as pessoas leiam. A mensagem tem que ser espalhada. Lida e relida. Paula

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  3. Muito obrigado. Infelizmente, não tenho Facebook, mas concordo que a mensagem deve ser partilhada

    Cordialmente

    António Araújo

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