segunda-feira, 2 de abril de 2018

Notas sobre A Grande Onda - 40

 


 
 
         40.
 

 
         Na composição de A Grande Onda, e como já tem sido observado por diversos comentadores, a imagem surge praticamente seccionada ao meio, com o lado esquerdo em extremo movimento e o lado direito menos revolto.
 
         No entanto, não tem sido devidamente assinalado o facto de as ondas do lado direito da imagem contrastarem claramente com as da outra metade: umas são linhas curvas perfeitas; as outras, todas as outras, mostram-se sinuosas no seu perfil. Parece, aliás, que umas e outras se encaixam na perfeição, como se as linhas da direita estivessem prestes a ser devoradas pelas da esquerda.
 

As ondas da direita

 
As ondas da esquerda


 

         Para a perfeição das linhas curvas do lado direito também contribui outro elemento que Hokusai aí coloca: os barcos que, no seu formato curvo e esguio, acompanham as ondas e a sua linearidade abstracta.

 
 

 
 
         O Monte Fuji está colocado quase ao centro, mas descaído sobre a direita, para dar espaço visual – e não só – à rebentação da grande onda, cujas extremidades em forma de garras invadem o sector onde impera a calma ou, se quisermos, a antecipação do desastre.
 
 

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