As fontes do Nilo
A busca das fontes do rio Nilo teve um grande papel no imaginário da segunda metade do século XIX.
Exploradores e aventureiros, impulsionados e financiados por governos e por sociedades de geografia do mundo ocidental, percorreram a África Central em demanda desses locais míticos.
Hoje parece claro que o Nilo Branco é o curso principal e que o Nilo Azul é um afluente oriundo da Etiópia. Não é um afluente qualquer. Contribui com grande caudal e sobretudo com depósitos minerais de grande importância para a fertilidade das terras a jusante.
Mas onde nasce o Nilo Branco? Cada país da região tem as suas reivindicações próprias. A verdade é que provém indiscutivelmente do Lago Victoria, partilhado entre Uganda, Quénia e Tanzânia.
O debate torna-se mais complexo quando se considera que vários rios desaguam no Lago Victoria e podem ser, eles próprios, o Nilo.
Um dos candidatos é seguramente o Rio Nyabarongo que percorre todo o Ruanda e termina no Rio Akagera que por sua vez desagua no Lago Victoria.
Nasce na floresta do Nyungwe.
Em Nyungwe, Ruanda, esteve o explorador David Livingstone (1813-1873) estudando as bacias hidrográficas da África Central. Em Junho de 1871 aí assistiu à captura de escravos africanos por mercadores árabes, o que muito o chocou e desmoralizou.
Daí seguiu para Ujiji, nas margens do lago Tanganyka. Foi nesse entreposto comercial que o americano Henry Stanley (1841-1904) o foi encontrar em Novembro seguinte.
Stanley terá aí proferido a célebre frase Dr. Livingstone, I presume, que de tão evidente não deixaria certamente de chocar o nosso leitor caramelo…
O único testemunho do encontro foi porém o próprio Stanley que, como jornalista do New York Herald pode não ter resistido a embelezar o relato…
O Rio Nyabarongo foi também um dos cenários tétricos do genocídio do Ruanda. O rio foi juncado de cadáveres com o propósito de devolver à Etiópia os corpos dos tutsis, supostamente originários daquele país.
Muito bom. Parabéns.
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