segunda-feira, 27 de julho de 2020

Coração independente.







Pronto, terminei a leitura deste livro esmagador, um tour de força de muitas páginas. Que trabalho insano, que investigação imenasa, Deus meu!, coisa rara e pouco vista por nossas bandas laxistas. O livro talvez precisasse de ser um pouco editado, talvez, e o entusiasmo do biógrafo pela biografada também talvez pudesse ser um pouco moderado. Mas que são esses pecadilhos comparados com o muito e tanto, imenso e novo, que este livro nos traz? Há figuras que não saem nada bem da fita: José Jorge Letria, Mário Castrim, Carlos do Carmo… E como explicar o silêncio, no pós-25 de Abril, do partido e das dezenas e dezenas de pessoas que Amália ajudou em ditadura? Neste livro está lá tudo, falado, documentado. Está lá que Amália foi enxovalhada, denegrida, perseguida – e poucos ou nenhuns se levantaram em sua defesa. É triste, é fado, é o eterno fado do cavanço, do tempo da Grande Guerra. Agora, por ser centenário, muitos falam da inteligência da diva. Sem dúvida, está certo, mas Amália era também emocional, deveras passional, vê-se em cada linha desta obra de Miguel Carvalho (que, com este e com o seu anterior  Quando Portugal Ardeu, se arrisca a ser o maior repórter-cronista do 25 de Abril: é prosseguir, sem medo!). Mas o que deste livro ressalta é, acima de tudo, muito por cima de tudo, que Amália Rodrigues uma grandeza de carácter absolutamente extraordinária. Coração independente? Sim, o dela, só o dela.





















2 comentários:

  1. De uma nobreza que, aos dias de hoje, quase estranhamos. E a beleza da amizade com o Carlos Paredes...

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  2. Sem dúvida, Daniel, sem dúvida.

    Um abraço amigo do

    António

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