Pronto, terminei a
leitura deste livro esmagador, um tour de força de muitas páginas. Que
trabalho insano, que investigação imenasa, Deus meu!, coisa rara e pouco vista por nossas
bandas laxistas. O livro talvez precisasse de ser um pouco editado, talvez, e o
entusiasmo do biógrafo pela biografada também talvez pudesse ser um pouco
moderado. Mas que são esses pecadilhos comparados com o muito e tanto, imenso e
novo, que este livro nos traz? Há figuras que não saem nada bem da fita: José Jorge
Letria, Mário Castrim, Carlos do Carmo… E como explicar o silêncio, no pós-25
de Abril, do partido e das dezenas e dezenas de pessoas que Amália ajudou em
ditadura? Neste livro está lá tudo, falado, documentado. Está lá que Amália foi enxovalhada,
denegrida, perseguida – e poucos ou nenhuns se levantaram em sua defesa. É
triste, é fado, é o eterno fado do
cavanço, do tempo da Grande Guerra. Agora, por ser centenário, muitos falam
da inteligência da diva. Sem dúvida, está certo, mas Amália era também
emocional, deveras passional, vê-se em cada linha desta obra de Miguel Carvalho
(que, com este e com o seu anterior Quando Portugal Ardeu, se arrisca a ser o maior
repórter-cronista do 25 de Abril: é prosseguir, sem medo!). Mas o que deste
livro ressalta é, acima de tudo, muito por cima de tudo, que Amália Rodrigues uma grandeza de
carácter absolutamente extraordinária. Coração independente? Sim, o dela, só o dela.
De uma nobreza que, aos dias de hoje, quase estranhamos. E a beleza da amizade com o Carlos Paredes...
ResponderEliminarSem dúvida, Daniel, sem dúvida.
ResponderEliminarUm abraço amigo do
António