Baltasar Garzón era o juiz dos direitos
humanos. Depois, fez-se advogado, uma sociedade com nome pomposo, International
Legal Office for Cooperation and Development. Agora, aparece a defender o alegado testa de ferro de Nicolás Maduro. Estranho, no mínimo. Tristíssimo, no
máximo.
Também é tristíssimo o EUA imporem e acreditarem no que impõem como uma verdade absoluta e tão pouco haverem vozes, não sectárias, que façam ver outras alternativas, quanto mais não seja para atentarem contra o paradigma dominante.
ResponderEliminarNão quero com isto defender o regime venezuelano, ou evidenciar um antiamericanismo primário, apenas acho que tender sempre para o mesmo lado, e ainda mais quando uma das aprendizagens dos ditos mercados livres, no que toca à liberdade de pensamento, é ter liberdade excepto para questionar o modelo económico dominante, expansionista, é ainda mais triste.
Mas o que é ainda mais triste, é termos liberdade para pensar e ainda assim tendermos a juízos de valor ainda a preto e branco, sem zonas cinzentas e sem conseguirmos encontrar na complexidade do mundo interpretações que ultrapassem a lógica dos bons e dos maus, para lá da aparentemente e já ultrapassada lógica da chamada guerra fria.
É a política internacional um lodaçal, de arrepiar, e talvez por isso seja mesmo triste juízes como o Garzón terem que tomar partido. Se é isso que quer dizer, também acho triste. Mas infelizmente, como nos vai habituando volta e meia, a sua tristeza, creio, não advém daí.
O que é certo é que a guerra fria já devia ter acabado, ou pelo menos a sua sombra já não nos deveria contaminar o pensamento. Basta por exemplo pensar, e sei que é um assunto que lhe interessa, no colapso ecológico. O mercado livre não é solução e é sem dúvida uma das grandes causas da degradação ecológica e, evidentemente, a verdadeira força motriz da luta internacional contra países como a Venezuela, a Coreia do Norte, etc. E é essa a alternativa? Uma sociedade de crescimento económico e de consumo, como se só pudesse ser possível uma sociedade livre num contexto económico assassino?
É certo que as pessoas desses países merecem mais, sem dúvida, há porém alternativas ao que vivem e ao que à força do seu desespero lhes querem impor como uma inevitabilidade cheia de partes interessadas. E o segredo do não-sectarismo está aí.
Cumprimentos e obrigado pelo seu tempo,
Daniel Ferreira