Há coisas que parecem
mentira, mas não são.
A crer nas notícias, a
próxima directora do Museu do Aljube – Resistência e Liberdade vai ser Rita
Rato Fonseca, ex-deputada do PCP.
Irá substituir o reputado historiador Luís Farinha, que alcançou a idade da reforma, com uma vida dedicada ao estudo da História, em particular sobre o período do Estado
Novo.
Agora, perguntais e bem:
porquê, Rita Rato? Sim, porquê Rita Rato?
Tem formação académica ou
outra em História? Nop.
Tem obra publicada ou
investigação feita nesse domínio? Nada, absolutamente nada.
Tem alguma experiência
curricular para o cargo? Niet, nenhnuma, zero.
Então que tem ela, além
de uma tremenda lata?
Tem, sem dúvida, uma apreciável dose de ignorância histórica a seu lado.
Mais, Rita Rato, tal qual
os alunos cábulas, não sabe História e não se interessa por aprender História.
Uma vez, perguntaram-lhe sobre os crimes do estalinismo. Respondeu a jovem deputada... ouçamo-la, vale a pena:
- Como olha para os erros do passado
cometidos por alguns partidos comunistas do Leste europeu?
- O PCP,
depois do fim da URSS, fez um congresso extraordinário para analisar essa
questão. Apesar dos erros cometidos, não se pode abafar os avanços económicos,
sociais, culturais, políticos, que existiram na URSS.
- Houve experiências traumáticas...
- A avaliação
que fazemos é que os erros que foram cometidos não podem apagar a grandeza do
que foi feito de bom.
- Como encara os campos de trabalhos
forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?
- Não sou
capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre
isso.
- Mas foi bem documentado...
- Por
isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.
- Mas não sentiu curiosidade em
descobrir mais?
- Sim,
mas sinto necessidade de saber mais sobre tanta outra coisa...
Tinha ela 26 anos, a
licenciatura feita em Ciência Política e Relações Internacionais e, pasme-se,
nunca tinha ouvido falar do estalinismo e dos seus crimes. Acreditam?
Questionaram-na também sobre
a China. De novo, a ignorância evasiva, obviamente comprometida e de má-fé:
- Concorda com o modelo que está a ser
seguido na China pelo PCC?
- Pessoalmente, não tenho que concordar
nem discordar, não sou chinesa. Concordo com as linhas de desenvolvimento
económico e social que o PCP traça para o nosso país. Nós não nos imiscuímos na
vida interna dos outros partidos.
- Mas se falarmos de atropelos aos direitos humanos, e a
China tem sido condenada, coloca-se essa não ingerência na vida dos outros
partidos?
- Não sei que questão concreta dos
direitos humanos...
- O facto de haver presos políticos.
- Não conheço essa realidade de uma
forma que me permita afirmar alguma coisa.
- Mas isto é algo que costuma ser notícia nos jornais.
- De facto, não conheço a fundo essa
situação de modo a dar uma opinião séria e fundamentada.
- No curso de Ciência Política e Relações Internacionais,
não discutiu estas questões?
- Não, não abordámos isto.
Diz-se agora que o júri
da EGEAC a nomeou porque ela apresentou um projecto interessante» para o Museu
do Aljube. Ei, amigos, estarão a gozar connosco? Não percebem que, com o seu cadastro
revisionista, Rita Rato é a última das últimas pessoas a poder ser nomeada para um museu
como aquele?
Que isenção tem ela para o
lugar, que competência, que experiência? Nada de nada. Consigo traz apenas,
dizem, um «projecto interessante».
Vistas as coisas por esse
prisma, também o Gulag foi um «projecto interessante». E os milhões de mortos
da Coreia do Norte esses, então, são interessantíssimos.
Mas por isso nunca se
interessou Rita Rato, que nunca leu nada, nunca estudou nada, não soube nada, não disse nada, um zero completo. Uma mulher que fugiu escandalosa e despudoradamente às perguntas que lhe fizeram sobre questões básicas que têm a ver com História e com Direitos Humanos, a
matéria-prima de que é feito qualquer museu de resistência e liberdade digno desse
nome.
O Aljube vai passar a ter, coitado, uma directora amnésica. Uma directora ignorante, falsificadora da História e assassina
da memória, uma apparatchik que foi tremendamente gozada, e bem, pelo desconcerto completo das suas afirmações sobre Estaline ou a China.
Dizer que Rita Rato é incompetente
seria pressupor que tem um mínimo de competência para o cargo. Não tem.
E
nomeá-la é um insulto grave, um insulto grave aos
historiadores e investigadores portugueses, a gente competente e independente, aos cidadãos desta Lisboa, aos resistentes e às vítimas pela liberdade, a todas elas, sem excepção, aos que lutaram e sofreram no Tarrafal, em Auschwitz, no Gulag, na Coreia do
Norte, em Hong-Kong, em muitos lugares.
Rita Rato será decerto
numa pessoa estimável e com competência para muita coisa.
Mas para dirigir o Museu
do Aljube, isso tenham paciência, não, isso nunca, jamais, em tempo algum.
Acabo de saber disto e estou sem palavras. Congratulo-me com as suas António.
ResponderEliminarMas talvez tenha uma ganda rata... o que vale bem mais do que quaisquer currículos académicos.
ResponderEliminarEntre muitas, sem dúvida!
EliminarPremeia-se a ignorância e incapacidade...
ResponderEliminarInfelizmente a casta política é um polvo que se entranha em todos os cargos públicos, que para eles não passam de tachos que lhes garantem bons e seguros ordenados. Basta constatar por exemplo os milhares de "Directores" de Teatros Municipais que de cultura percebem pouco ou nada, são meros apparatchiks dos partidos a quem se dá uma recompensa por terem abanado suficientes bandeirinhas em comícios políticos.
ResponderEliminarAmizade... doces amizade
ResponderEliminar.
Que a felicidade resida em seu coração
Saudação poética
Só tretas.
ResponderEliminarFicámos a saber, pela Venda do Novo Banco e da Renacionalização da TAP, que o segredo do Costa negociador são as clausulas secretas...
ResponderEliminarAgora falta saber quais foram as clausulas secretas na criação da Geringonça
O que é que isso tem a ver com este assunto? Estamos a falar de uma estrutura museológica e de uma escolha mal feita, e que se exige ser corrigida, tem haver com cultura e não com activos financeiros e muito menos a ver com o governo, seja ele bom ou mau. O problema ocorre na EGEAC, é é concretamente dele que importa falar.
EliminarE qual é o problema, ó reaccionário?
ResponderEliminarUm dos problemas é haver gente (?) a chamar “reaccionário” a outrem em 2020, seu grunho. :)
EliminarSobre o texto: nada a acrescentar.
Quem faz parte do júri da EGEAC.
ResponderEliminarAo anterior Director, há alguma publicação/conhecimento de entrevista dentro dos moldes/assuntos desta feita à Rita Rato.
Este Museu do Aljube faz sentido existir? Qual o perfil indicado para seu Director?
Querias o lugar e não conseguiste. Daí tão grande despeito. E começa a escrever num português que se entenda e não utilizando palavras Niet, Nop e merda do género que, por pura ignorância, não consigo saber o significado.
ResponderEliminarIgnorância estúpida, ou estupidez ignorante , à escolha - mas ambas indesculpavelmente ofensivas...
ResponderEliminarMas a mansidâo do rebanho prossegue, abúlica e imperturbada...
É gira. Devia ser presidente da república.
ResponderEliminarOu sua namorada, incomodava menos.
EliminarMas esta Rata Pelada ainda tem condições para exercer este tipo de funções? só neste miserável país...
ResponderEliminarA reacção é feia,tem aleijões,mau hálito,falta de dentes,falta de sabão,falta de juízo...
ResponderEliminarPorque não irão enterrar-se, junto ao Botas, em Sta Comba ?
Conheço mais camaradas nessas condições que reacionários. Esta Rita rato então é bem o exemplo do grande juízo que existe nos esquerdalhas.
EliminarÉ bem gira, isso deve chegar, posso mandar a minha foto?, não sou feio de todo talvez arranje um tacho também
ResponderEliminarA EGEAC deve esclarecer publicamente a escolha que fez para o cargo de Directora do Museu do Aljube, qual o critério dessa escolha, dado a polémica levantada pelo facto de a escolha ter recaído sobre uma pessoa sem a devida competência académica e profissional para exercer as funções de Directora do referido museu. Apenas se pretende conhecer as razões desta escolha, a fim de todos sabermos que este equipamento museológico da cidade de Lisboa, tão importante para a História Contemporânea e para Portugal.
ResponderEliminarA inveja é uma coisa feia...
ResponderEliminarE atribuir um cargo a uma pessoa que não perfaz o perfil profissional e académico do mesmo, também é muito feio.
EliminarO problema é que é rapariga e gira, caracteristicas que provocam por aí muita azia
ResponderEliminarSer gira é critério para outras profissões, não esta. Os critérios para o cargo assentam nos conhecimentos específicos e na experiência, ser gira não basta.
ResponderEliminarNão cumpria nenhum dos critérios para ser sequer admissível a candidatura... ah, mas é necessário dar uns rebuçados ao PCP, não vá o diabo tecê-las... e além disso, coitada, como ela diz, "não sou chinesa"... mas também não é americana nem brasileira e comentará a política dos EUA ou do Brasil... Os ratos sobem pelo cordame do navio, quando cheira a vitualhas...
ResponderEliminarIsto é uma vergonha .
ResponderEliminarNem será necessário argumentar.
É como o Paulo tão bem diz.
É um toma lá , dá cá.
É lamentável , mas funciona assim.
O aljube é nosso!! Só falta o museu de odrinhas e o do (ul)traje a rigor
ResponderEliminarSe o Estaline e o Hitler puderam dividir os países bálticos e a Polónia, porque não pode o Costa comprar um pedaço do PC a troco de um lugarzinho num Museu que comemora a Liberdade...?
ResponderEliminarInteressante: Pelo raciocino do Sr. historiador(?) António Araújo, muitos dos presos políticos, ou melhor, a sua grande parte, que fazem parte do Museus do Aljube Resistência e Liberdade foram....Estalinistas. O Sr. historiador pode-me resolver esta quadratura do circulo, ou terá alguma explicação? Será só inveja ou mais alguma coisa que o Freudiana?
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarSr. Migang, para cuidar do legado histórico dos resistentes estalinistas (o estalinismo era, de facto, a linha política do PCP, e assim o caracterizam os diferentes informes e relatórios aos Congressos durante a Clandestinidade), temos de ceder um cargo museológico a quem tenha afinidades e formação teórica estalinistas? Por outras palavras, neste caso, em que se trata de um cargo com forte pendor historicista (cuidar de um legado e apostar na sua conservação), o científico deverá ceder ao político? E, há ainda outra questão, nem todos os presos no Aljube eram do PCP. Não há uma competição pelo direito à memória, e não há uma superioridade moral, de uns em relação a outros, para definir o que é a memória.
ResponderEliminarSr. Miguel, eu não disse que todos os presos eram do PCP e nem sequer falei do PCP e porquê?
ResponderEliminar1 - Porque muitos presos - principalmente dos últimos anos antes do 25 de Abril - eram Estalinistas e atacavam o PCP como revisionista por " abandono das " ideias do Estaline". ( Não sei a sua idade, mas se nasceu depois do 25 de Abril pergunte ao historiador em causa. De certeza ele o confirmará.)
2 - Já agora, muitos deste sujeitos estão no PS, PSD e alguns jornalistas de jornais de direita, como é o caso do José Manuel Fernandes do Observador, eram Estalinistas e atacvam o PCP por ter abandonado o Estaline.
3 - Alguns estão indignados com a escolha desta Sr.ª ex deputada - que não a conheço, dado não ser militante do PCP, não por questões formais ou cientificas, mas por questões ideológicas e até de inveja.
4 - Neste último item incluo o Sr. historiador(?) deste blog.
Quanto ao resto passe muito bem.
Este texto enoja-me.
ResponderEliminarObrigado pela resposta. Mas mantenho que a pessoa em causa não tem o perfi desejado (académico, profissional, ideológico, ético, enfim, o que quiser). Já agora, nascer depois do 25/Abril nunca implicou alguém não conhecer o que está para trás. Felizmente tem sido produzida bastante literatura científica (ou outra) que nos permite perceber o contexto e os vários lados em disputa. Não sei se a pessoa em causa terá a abertura de espírito e o perfil crítico para abordar o período histórico a que se reporta o Aljube e toda a Resistência Antifascista.
ResponderEliminarPasse o senhor também muito bem. Fico por aqui.
O que é ter um perfil ideológico para ser Director do Museu do Aljube? Qual era o perfil ideológico do anterior Director?
EliminarNão me diga que está/va com ideias de abrir um Café/Pastelaria (iniciativa privada) e assim vai ficar sem clientela?
Não seja ridículo.
Mea culpa: referir questões ideológicas ou éticas como razões para não concordar com a escolha de alguém para dirigir o museu foi, de facto, exagero meu e, caso concordasse com isso, quase que estaria a fazer uma apologia de uma "polícia do pensamento", o que é contrário ao que quotidianamente defendo (dever) ser uma Sociedade Aberta. De facto.
ResponderEliminarMas mantenho o essencial: a pessoa em causa não tem o perfil académico e profissional que justifiquem a sua escolha.
Ao ler as perguntas da entrevista citada, ia-me perguntando o que teria acontecido ao jornalista que as fazia. Estas “impertinências” – ou “discurso de ódio” como agora as batizam - não costumam ficar sem castigo…
ResponderEliminarCliquei no link e percebi. A entrevista foi feita por um jornalista do CM, aquilo que o regime batizou de “esgoto a céu aberto”. Nunca será demais lembrar que aquilo que incomoda a esta gentalha não é a existência do esgoto moral do regime que só ali vê a luz do céu. Não. Eles apenas preferem que o esgoto corra em manilha fechada para que ninguém se incomode com o cheiro.