sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

São Cristóvão pela Europa (49).


 

Penha, Guimarães




Penha, Guimarães, 18 de Agosto de 2015
Nossa Senhora de Paris é um célebre romance histórico de Victor Hugo (1802-1885), publicado em 1831.
Se o romance se centra aparentemente no amor não correspondido de Quasímodo por Esmeralda, a realidade é que a verdadeira protagonista é a própria catedral de Notre Dame de Paris, em português Nossa Senhora de Paris.
E inevitavelmente num romance passado no século XV, surge a figura de São Cristóvão. E sempre a propósito da gigantesca estátua do santo que existiu à direita da entrada da catedral.

 

Media 28 pés de altura, situava-se junto a um pilar na entrada da nave à direita. Segundo a tradição, tinha sido mandada erigir por Anthoine des Essarts.
Os irmãos Essarts foram presos durante a Guerra dos Cem Anos. Pierre foi decapitado em 1 de Julho de 1413 em Paris por ordem do Duque da Borgonha. O irmão Anthoine fez o voto de erigir uma enorme estátua de São Cristóvão em Notre Dame no caso de se salvar. E salvou-se.
Uma vez em liberdade, cumpriu lealmente a sua promessa.
A estátua foi destruída em 1785 na sequência de um acidente, provavelmente provocado. Várias teorias de conspiração tratam deste episódio.
Em Nossa Senhora de Paris, Victor Hugo lamenta a destruição do património em França e dá como exemplo a Notre Dame e escreve “E se entrássemos no interior do edifício, quem derrubou esse colosso de São Cristóvão, proverbial entre as estátuas?”.
Ainda no romance, “uma bela manhã de domingo de Pascoela, uma criatura viva fora deposta depois da missa na igreja de Notre Dame sobre a armação de leito selado no adro à mão esquerda, em frente dessa grande imagem de São Cristóvão”. Era o lugar onde se deixavam as crianças expostas e tratava-se de Quasimodo, nome que antigamente se dava ao domingo de Pascoela, domingo que sucede à Páscoa. Isto porque o Intróito dessa missa, dito naturalmente em latim, começava por “Quasimodo geniti infantes” ou seja “Como as crianças recém nascidas”.
José Liberato
 


1 comentário:

  1. Obrigado. E eu que andei a vasculhar a história das estátuas e não dei por essa!

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