terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Montanhas mágicas.

 
 
 
 
A Graça e o Pedro estiveram em Meteora, dizem-me que a conselho meu, o que duvido, mas aceito com gosto. O gosto que tenho em ser vosso amigo, ó Graça & Pedro, e receber o encantador livrinho que de lá trouxeram, da cordilheira dos mosteiros que até já serviu de cenário, pasme-se, a um filme do James Bond.
O mais conhecido, o maior, o  mais famoso e o mais falado é Varlaam. Mas hoje o que me interessa é o de São Nicolau Anapausas, construído lá no alto desde os alvores do século XIV, ainda que a primeira alusão ao dito e bonito mosteiro seja de 1529, na Crónica de Meteora. Foi mais ou menos por essa altura que o mosteiro de São Nicolau Anapausas sofreu fundas obras de remodelação – e aí entrou Θεοφάνης Στρελίτζας.
Como todos já perceberam, Θεοφάνης Στρελίτζας é o nome grego de Teófanes Strelizas, também conhecido por Θεοφάνης ὁ Κρής (Teófanes, o Cretense) ou Θεοφάνης Μπαθᾶς (Teófanes Bathas). Não confundir com Teófanes, o Grego (1340-1410), que foi mestre de Rublev (o do filme de Tarkovsky). Não se sabe ao certo quando o Cretense nasceu, mas se lhe chamavam «o Cretense» é porque nasceu decerto em Creta. E que fez ele? Frescos, muitos, e ícones, também muitos. Trabalhou no Monte Athos, só para homens, e em Meteora. O seu trabalho mais antigo em Meteora data de 1527 e em 1535 ele e os seus dois filhos tornaram-se monges e, consequentemente, deram entrada num mosteiro, ao Monte Athos.
Portanto, os trabalhos de Teófanes em Meteora, mais precisamente no mosteiro de São Nicolau Anapausas, são de 1527 a 1535, nos máximos. Sou mesmo rapaz capaz de asseverar que os frescos de São Nicolau Anapausas foram terminados em dia preciso: 12 de Outubro de 1527. Até há um livro só sobre os frescos de Teófanes em Anapausas mas não convém sobrecarregar os leitores com tamanho fardo informativo. Só mais uma nota: apesar de o Hermitage de São Petersburgo ter dois bocados de parede com frescos de Teófanes, Teófanes nunca saiu da Grécia – voltou à sua Creta natal em 1559 e aí faleceu.
Um dos frescos mais belos da sua lavra está em São Nicolau Anapausas e mostra o Jardim do Éden, com Adão e tudo. E que lá tem? Um elefante, em merecido destaque. Ora cá está ele (e um camelo!), vejam-no:

 
 
Teófanes, o Cretense, fresco no Mosteiro de São Nicolau Anapausas, 1527
 
 
 
E como é que um grego que nunca saiu da Grécia soube em 1527 o que era um elefante? Terá visto imagens dos elefantes que andavam pela vizinha Itália? Haveria elefantes na Grécia do século XVI? Tudo questões portentosas e momentosas que certamente irão ser respondidas na Caixa de Comentários infra, obrigado.
Sendo Meteora uma terra com muita rocha e pedra, um breve tour final por algumas rochas-elefantes por todo o mundo:
 
Deserto do Nevada, EUA

Escócia
 
Prince Edward Island

Islândia
 
Nova Zelândia

Sardenha

Taipei
Este não sei onde é
Islândia
 

Hartlepool, Inglaterra

 
 
Al-Ula
 
Joshua Tree National Park, Califórnia
Hestan Island
Canadá
 
Malta
 

Berlengas, Portugal

 
para a Graça, para o Pedro e para o Lucas, que acabou de nascer
 
 
 

3 comentários:

  1. Falta o Elefante da Berlenga...
    https://www.google.com/search?q=elefante+berlenga&newwindow=1&client=firefox-b&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=yw3UugHZslCtPM%253A%252CucasuTnvrUyA3M%252C_&usg=AI4_-kTqwc5Aw-ZSzULvA1b-ChfoYJo_MQ&sa=X&ved=2ahUKEwjM0vCFz4LgAhU8BWMBHWc3Ch0Q9QEwAHoECAUQBA#imgrc=yw3UugHZslCtPM:

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Já coloquei, muito e muito obrigado! Desconhecia em absoluto, sempre a aprender!

      António Araújo

      Eliminar
  2. O fresco é muito interessante, mas a 2a foto do elefante na Islândia é surpreendente: parece uma baleia encalhada.

    ResponderEliminar