A French Elephant, Bodleian Library, Oxford
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Bem devia ter visto com mais vagar e
vigor um calhamaço que para aqui tenho, El
Elefante en la natureza y en la historia, de Karl Gröning e Martin Saller
(ed. Könneman, 1998), uma enciclopédia mastodôntica que contém mil e uma coisas
sobre elefantes.
Sem
pretender dizer qual foi a figuração desse animal mais antiga no Ocidente,
concurso fadado ao insucesso, e sem entrarmos no mundo dos bestiários medievais,
abundantíssimo em olifantes, recordemos este capitel da antiquíssima igreja de St. Pierre-et-St. Benoît,
em Perrecy-les Forges, começada a construir por volta de 1020 e 1030, sendo o
capitel dos elefantes datado do século XII.
Já
antes, na Basílica de San Sabino, Canosa di Puglia, o trono de Ursone, bispo de
Bari e Canosa entre 1080 e 1089, executado por mestre Romualdo, em estilo
bizantino, como se diz aqui e aqui.
Ou na fachada da Basílica de San Nicola,
em Bari, construída entre 1087 e 1197.
Trono do bispo Ursone, Basílica de San Sabino, Apúlia, Itália
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Basílica de San Nicola, Bari, Itália
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Em França, um outro capitel do século
XII, na igreja de Saint-Pierre d’Aulnay,
ponto de peregrinação do Caminho de Santiago, construída entre 1120 e 1140.
Igreja de Saint-Pierre d'Aulnay, França
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Os mosaicos de Otranto
são das representações mais extraordinárias do Ocidente medieval. No pavimento da igreja românica de Santa Maria
Annunziata, datam de 1163-1166, sendo de uma tal riqueza e complexidade (e
mistério) que nos limitamos a mostrar os elefantes que se encontram na base – e
raiz? – da Árvore da Vida.
Mosaicos de Otranto
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Ainda que posterior, a catedral (mártir) de Notre Dame de Reims tem um bestiário fabuloso, onde se encontra um elefante do século XIII.
Catedral de Reims, França
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Também
em Paris, na Notre Dame, existiu um elefante medieval, de pedra do século XII,
mas o que lá está lá hoje é uma réplica, ainda assim digna de vista:
Catedral de Notre Dame, Paris
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Como dissemos, não vamos perder-nos na
floresta dos bestiários medievais. Palavra apenas para o maravilhoso Livro das Maravilhas do Mundo, de Marco Polo (e não só), pejadinho de elefantes na edição
iluminada existente na Biblioteca Nacional de França (BNF Fr2810), feita por
volta de 1410-1412 e destinada a João Sem Medo, duque da Borgonha. Da edição
organizada por Marie-Thérése Gousset para a Bibliothéque de l’Image, 2002,
retirei os seguintes exemplares:
Fólio 59, batalha dos tártaros contra os birmanes
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Fólio 42v, partida de Kublai Khan de Pequim
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Fólio 33, batalha de Kublai Khan
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Fólio 59v, travessia da Birmânia por Marco Polo
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Fólio 58, conquista da Birmânia
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Fólio 14v, cidade de Ormuz, golfo Pérsico
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Regressando a Portugal e Lisboa, uma
palavra de agradecimento a Rubem Amaral Jr., amigo do Brasil que conhece como
poucos a nossa história e cultura e que chamou a minha atenção para os
elefantes dos túmulos da Capela dos Castros, na Igreja de São Domingos de
Benfica, ficando aqui a promessa de ulterior pesquisa sobre tão candente
assunto. Um abraço, Rubem, Feliz Ano Novo.
De nada António. É sempre um prazer para mim colaborar com o Malomil.
ResponderEliminarUm abraço e bom ano para você também.
Um abraço!
EliminarAntónio
Em Napoli, no MANN, encotra-se uma estatua tbm dum elefante da guerra, terracotta II-I sec. a.C.
ResponderEliminarhttps://www.beniculturali.it/mibac/export/MiBAC/sito-MiBAC/Contenuti/MibacUnif/Eventi/visualizza_asset.html_41196227.html