domingo, 18 de novembro de 2012

A manipulação da raiva.









É em quadros como o nosso, de raiva crescente gerada pela situação de crise em que nos encontramos, que é mais fácil manipular a opinião de quem sofre ou vê o vizinho sofrer. É muito saudável um sentimento de revolta, interior ou exteriorizado, contra quem achamos que nos faz mal; mas já não será nada saudável que essa revolta seja manipulada ao ponto de a nossa consciência passar a servir os interesses de outro ou de algum grupo com o qual nunca nos identificaríamos. Mesmo que por vezes haja uma identificação formal de quem sofre com a opinião ou acção que é expressa por quem manipula, a convivência com este último dificilmente trará bons frutos.
 


 
Vem isto a propósito das reacções à carga policial sobre os manifestantes que se encontravam à porta da Assembleia da República na passada quarta-feira, ao fim de um dia de Greve Geral marcada pela CGTP. Não vale a pena voltar a referir o facto de a central sindical não ter participado nos distúrbios e se ter mesmo retirado do local antes de estes acontecerem. Mas vale a pena deixar uma pergunta que se prende com o escrito no parágrafo acima: porque é que o PCP ou a CGTP não protestaram até agora contra a carga policial, com a intensidade com que o fizeram sectores mais próximos do Bloco de Esquerda ou uma grande corrente de opinião que opera principalmente em blogues e redes sociais? Porque não partilham o mesmo espaço com gente com que não se identificam e que, estou certo, pensam que contribui para destruir os próprios objectivos da sua luta. E no entanto, é evidente que à superfície dir-se-ia estarem do mesmo lado. Na luta contra o desemprego, contra o aumento dos impostos, contra a degradação do Estado Social, etc., etc.





 
Mas os métodos dos grupos de agitadores infiltrados são diferentes. Os próprios objectivos pelos quais dizem lutar são um logro. Para esta gente, a desordem, o caos, a violência, são o método para alcançar um objectivo bem diferente do dos promotores da Greve Geral: a destruição do sistema, ou seja, a destruição da Democracia europeia como a conhecemos. No caso das manifestações de rua, qualquer incauto que, levado pela excitação ou emoção do momento acabe por se misturar com os agitadores, passa a ser um inocente útil, um potencial soldado na sua guerra privada. A ideia agora muito difundida de que os atiradores de pedras eram meia-dúzia e o resto era gente pacífica, se pode ter algum eco de verdade na sua formulação crua, é no entanto enganadora. Não é possível contabilizar, numa situação como a que se passou em frente à Assembleia da República, quem é que está disposto a seguir os agitadores ou não está. A História está cheia de inocentes pacíficos que seguiram acriticamente organizadores violentos. Basta puxar um minuto pela memória e não faltarão casos. Pensar por isso que uma dúzia de agentes poderia dirigir-se à multidão e prender cirurgicamente meia-dúzia de agitadores é, para dizer o mínimo, uma ideia ingénua.







Referi atrás o caso das manifestações de rua, mas há também o caso das redes sociais. E aqui a manipulação da opinião é das coisas simultaneamente mais eficazes e mais perversas a que se pode assistir. De novo, somos o inocente útil de cada vez que partilhamos sem pensar duas vezes tudo o que nos colocam à frente desde que aparente ir ao encontro da nossa indignação. A facilidade de fazer um simples “clic” com o rato é o suficiente para nos tornarmos acríticos e totalmente inconscientes das consequências da nossa acção. Paradoxalmente, numa época em que os meios de comunicação nunca estiveram tão disponíveis para qualquer cidadão poder dizer o que lhe vai na alma, aliviamos a raiva que sentimos partilhando qualquer coisa aparentemente heróica mesmo que saída da cabeça de um idiota. Qualquer um com uma conta de Facebook poderá verificar do que estou a falar.




 
Uma das ferramentas mais poderosas para manipular a opinião alheia é a comparação de factos que, mesmo que formalmente semelhantes, são na sua natureza totalmente diferentes. É o caso das comparações que por aí pululam entre a carga da Polícia sobre os manifestantes do dia 14 de Novembro e as cargas da Polícia ou GNR durante o tempo da ditadura. Não há nada, mas mesmo nada, que seja comparável a não ser por ignorância. As cargas no tempo da ditadura destinavam-se a dispersar gente que cometia o crime de pensar pela própria cabeça, só pelo facto de se juntar. A PIDE não esperava que lhe atirassem pedras para responder com bastonadas. Claro que houve também muita pedrada na rua, mas o contexto de violência policial era o da proibição de actividades ditas subversivas, à partida. Uma carga policial nos dias de hoje é um último recurso usado em situações em que as consequências de não a fazer são consideradas piores do que a carga em si. Comparar as cargas de hoje com as do tempo da ditadura é até aviltante para quem deu o corpo às bastonadas para que hoje possamos falar livremente.




Outra ferramenta poderosa é a imagem, geralmente enquadrada com alguma frase ou texto, com o objectivo de manipular emocionalmente o leitor. Muitas vezes a fotografia de alguém com sangue na cara, de preferência mulher ou criança, ou das lesões de algum manifestante, servem o propósito. As legendas dirigem a leitura do potencial “partilhador” da imagem, no sentido que lhe quer dar o manipulador. Quem a partilha aceita a afirmação da legenda como boa, sem criticar a fonte ou questionar os objectivos de quem a escreveu. A confusão é um dos objectivos de quem manipula e não há confusão como a confusão entre o bem e o mal — chamemos-lhe assim por comodidade. Num instante, um mar de imagens assegura que os vândalos eram muito poucos, a Polícia estava morta por usar os cacetetes e o Governo quer calar a voz do povo. Dos agitadores profissionais só se ouvirá falar em duas ou três notícias na televisão e a Greve Geral, definitivamente, passa à História submersa por acontecimentos que muito pouco têm a ver com a luta de quem quer emprego ou não quer ver regalias diminuídas.

 

 


Vivemos tempos que correm o risco de ser de viragem. A crescente rejeição da classe política, na qual a própria tem grande parte se não a maior parte das culpas, favorece um clima de aceitação de soluções que há anos seriam liminarmente rejeitadas. A forma descomplexada como alguns comentadores políticos falam hoje das vantagens de uma solução de governo “à italiana”, com um Primeiro-Ministro nomeado pelo Presidente da República, seria um sacrilégio não há muito tempo. Não é normal aceitar pacificamente que alguém para ser competente e honesto tenha que estar “limpinho” de histórico partidário. Aceitar isso é aceitar uma imperfeição fatal do sistema que se julgava ser o melhor. Mas há muito quem aceite e daqui aos suspiros por um benfeitor que ponha ordem na casa é apenas um saltinho. 


 




É por isso mais do que nunca necessário concentrar esforços em guardar bem a Democracia enquanto a temos. Aceitar que os grupos, de inspiração internacional, que provocam a Polícia e fomentam a violência, sejam porta-vozes do nosso descontentamento é dar um valente tiro no pé. A “democracia directa já”, a “substituição da classe política”, e outras exigências muito difundidas pela Internet, constituem balelas que nunca ninguém explicou o que são nem como funcionariam. Servem para manipular em pouco tempo grandes quantidades de gente bem intencionada e desgastar ainda mais o nosso já doente regime. Nunca foi tão importante cultivar um espírito crítico como hoje e não nos limitarmos a repetir opiniões ready made. Por agora pode ser apenas uma maneira de“chatear”; de aqui a uns anos, pode ser uma peste da qual teremos dificuldade em nos livrar. A não ser que queiramos ser governados por gente sem nome, com a cara tapada por máscaras brancas, de pêra e bigode e sorriso imbecil.


 
 
 João Tinoco

15 comentários:

  1. Só uma observação: seleccionar "cirurgicamente" os agitadores é precisamente aquilo para que muitos polícias são treinados, e para que se infiltram nas manifestações. Nos casos das claques fazem-no frequentemente.
    Aqui não o quiseram fazer (http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=2893810&especial=Revistas+de+Imprensa&seccao=TV+e+MEDIA)
    vá-se lá saber porquê e quem deu a ordem.

    De resto concordo consigo, apesar de me parecer que de facto vivemos numa democracia capturada por interesses que a usam em proveito próprio enquanto lhes for útil. Depois...

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  2. Nota-se que é um critico de sofá. E que o seu texto, tão convenientemente preparado com fotografias, é um vómito filtrado da tal informação que se "papa" dos media. Meu Caro, gostaria de ler as suas divagações que "cultivam um espírito crítico" para tentar opinar sobre a urgência da mudança. A verdade é que sua intervenção, é uma mera análise deontológica sobre o comportamento dos indivíduos nas redes sociais. Por acaso, tem tido uma intervenção activa no rumo da sua vida neste país? Tem votado? Acha que isso é suficiente? Como vamos conseguir lutar por direitos que supostamente nós eram já garantidos? OBVIAMENTE QUE NÃO SERÁ COM O USO MASCARADO DE UMA LUTA ANÁRQUICA RIDÍCULA QUALQUER. Mas lamento ter perdido o meu tempo, lendo as suas conclusões condescendentes. Se tem ideais, partilhe-os. E já agora exerça o seu direito de os reivindicar. OU SERÁ QUE AGORA É ALTURA DE ATIRAR PEDRAS A QUEM PACIFICAMENTE SE MANIFESTAVA À FRENTE DA ASSEMBLEIA??? NEM A POLÍCIA, NEM OS MANIFESTANTES DE MEIA-LECA, SEM QUALQUER INTENÇÃO CONSCIENCIOSAMENTE REIVINDICATIVA, NOS PODEM PROIBIR OU NEGAR O DIREITO À MANIFESTAÇÃO. Porque meu caro, reivindicador-de-cu-sentado, é um ataque à nossa inteligência, desculpar esta situação. (O João por acaso tem noção da gravidade dos acontecimentos? Aparte, obviamente, das fotografias ensanguentadas nos jornais? Por acaso tem ideia da proporção de policias naquele dia à volta da Assembleia. Eu vi. O seu comportamento violento e arrogante até para quem, somente passava junto às grades para descer até à assembleia. Para defender quem? Não a democracia, certamente. Mas a cambada de deputados que vinham observar o espectáculo à varanda. Tirava fotografias. Fumava lentamente enquanto a palhaçada desrespeitadora de pedras e petardos acontecia lá em baixo. E isto foi só um aparte, um desabafo.) Eu estive na manifestação. Infelizmente, já cheguei depois do desfile sindical e não tive outra opção senão manter-me durante algum tempo em frente à Assembleia, durante a chuvada infantil de pedras. Mantive-me em silêncio. Petrificada. Até ao momento em que ouço os velhinhos atrás de nós a relatar as suas vidas. Reformados. Um dos casais tem agora "1 dos filhos crescidos e casados em casa. Desempregado." E vejo a conversa alongar-se e passar fronteira. Até ao ponto em que já são várias pessoas a trocar ideias, histórias e vidas. E isto é que é preciso. É necessário uma consciência colectiva da situação do País. E por isso mesmo o desafio: Faça um "post" com ideais e ideias. Por onde começar para organizarmos uma revolução consciente e ideologicamente democrática e social? Mário Pessoa

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  3. Começa bem o seu texto, acaba mal, muito mal!!!


    "Pensar por isso que uma dúzia de agentes poderia dirigir-se à multidão e prender cirurgicamente meia-dúzia de agitadores é, para dizer o mínimo, uma ideia ingénua."

    ...curioso, e eles afinal são treinados para quê? Não me digam que só têm treino e exercícios de agressividade, de cacetete e afins...tantos anos e dinheiro e inteligencia gastos a preparar profissionais de segurança para...espera, só para bater...estou estarrecido, ir ao ginásio e ter umas aulas de artes marciais não seria suficiente?


    Está certo começar a limpar a praça em frente à AR e acabar no Cais do Sodré?
    O governo não ganha nada com o facto desta manif ter descambado numa violência absurda?
    Está certo o cidadão comum perder todos os direitos?
    Está certo o cidadão deixar de ter o direito de se manifestar? ( e não seja maniqueísta, que aqui ninguém fala dos energúmenos que atiram pedras)

    E afinal de contas, não eram 6, não eram 20, seriam 30? 50? E os manifestantes pacíficos, quantos eram, outra meia duzia? Afinal...seriam 100 os agitadores? Qual o nº que justifica um ataque em barda da polícia?

    Afinal, onde recai a ingenuidade? Não entende a gravidade da situação? Não entende a mistificação em curso? QUal o papel da polícia? Não sou anarca, não defendo a tomada da assembleia, não defendo a agressão à polícia - cujo o papel é proteger-nos, a força em quem é suposto confiarmos. Quem é afinal ingénuo?

    Deixo-lhe o texto que relata a minha ingenuidade e que tive oportunidade de escrever no fb em resposta a um texto num determinado mural:

    "...nem tanto o mar nem tanto a terra. Obviamente que o papel das forças de segurança num estado de direito é fundamental (ponto)!!! Estar duas horas a levar com pedras e depois perguntar, "desculpe, foi a menina que arremessou esta pedrinha?"...não conheço quem, se existir, p favor apresentem-ma. Porém, se são uma força especial tb deveriam ter preparação para discernir em algumas situações. O que se passou em frente ao parlamento não conduz a nada. Os tipos que estiveram mais de uma hora a arremessar pedras e afins eram facilmente identificáveis...porquê a perseguição dos demais a dar cacetada em barda nos civis? Porque as forças de segurança seguem 'ordens' e cumprem um papel que os ultrapassa. É esse papel que o cidadão comum questiona, e deveria ser essa a questão que o PSP e seus congéneres deveriam fazer. Fazer uso da polícia para fazer vingar políticas que querem expropriar um país da sua própria dignidade é ultrajante e déspota. Um país não é um mapa, são pessoas, cidadãos, polícias incluídos. Os que se manifestam clamam por direitos que também aos polícias assistem. Os que atiram pedras aos polícias em frente ao parlamento não se manifestam, não reclamam nada de social, não cumprem nenhuma ideia que sirva o povo, aquele que levou com o cacetete. Os que atiraram pedras são atrasados mentais, que viram a carga avançar sobre os outros...esses 30 trogloditas provaram, a partir de hoje, que é indiferente manifestar-se pelos seus direitos ou atirar pedras, com ou sem moral comem todos, esses trogloditas provaram que mais, em caso de dúvida, mais vale atirar pedras, no fim apanham todos, no fim ninguem tem direito a a advogado, no fim o estado de direito...espera, qual estado e qual direito?!? Então, afinal, qual a função da polícia? (E não, não defendo o arremeso...ms também não defendo o cacetete em barda!)

    Filipe Valentim

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  4. Excelente, conciso e preciso post. Parabéns. É muito importante dizer tudo isto nesta altura, desta forma.

    Andreia Maciel.

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  5. portanto de acordo com alguns comentaristas que - esses sim ! -tiram o cu da almofada! - os policias têm que estar preparados e treinados para levar com pedras petardos e estilhaços durante não sei quanto tempo e depois de avisarem e pedirem licença ter a faculdade e o discernimento para com a delicadeza de um 'apanhador de borboletas' num campo de papoilas partir em busca dos hollys no meio dos mirones que estavam (só) a assistir à pedrada e entretanto ajudar as velhinhas a atravessar a rua .....opá!!! será que levantaste só agora depois de velho o cu da almofada? Não tenho mesmo saco acho que isso são sintomas de adolescência tardia de quem não teve uma infancia normal, nunca andou à estalada, nunca fez desporto de equipa e tal e tal nem sequer deve ter jogado à apanhada ou à cabra cega, e q portanto ou é um anormalzinho ou pior é um cínico. Se não fosses cinico ou tivesses levantado o cu da almofada quando eras novinho talvez tivesses a noção da impossibilidade que estás a exigir. Pena que a velha máxima do exijamos o impossivel só se aplique aos outros. Esquecem-se que os policias tb têm filhos e familia e um corpinho, já agora, que tb se magoa e que não são todos estupidos. Vão bardamerda

    filho de policia

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    1. pois é, e têm licença de porte de arma, e escudos, e cassetetes, e agentes à paisana, e treino para situações como estas. O problema não está nos polícias, que se limitaram a cumprir as ordens que lhes deram. E bardamerda é para este texto que parte do princípio que todos são (potenciais) seguidores acéfalos de agitadores e que acha que a manipulação da raiva só se faz num sentido

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    2. (se eu fosse o Hergé ou mister Bean inspirava-me em vocês) Acho que não percebeu. Vou tentar de outra maneira: experimente ir passear num campo de treino de tiro ou vá com a família fazer um piquenique numa sebe junto de um buraco de um campo de golf...(leve um capacete para proteger a careca).

      filho de policia

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    3. Você acha que a sua filiação é um posto,e não quer perceber nada para além disso.
      Mas olhe : não é. Tente ler de novo o que os outros escrevem

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    4. caríssimo filho de polícia, felizmente ainda se vai para uma manif como quem vai passear num campo de papoilas e não como quem vai para a guerra. Porque se for para ir como quem vai para a guerra, se a ideia passar a ser essa, pode ter a certeza de que se vai instalar a ideia de trincheira. E como diz o outro, they've got the guns, but we've got the numbers.

      Estamos numa (a ver) democracia e não, não passarei a achar que tenho de ir para uma manif com capacete [ou que não posso levar os meus filhos para esse exercício de cidadania e de manifestação pública da minha opinião].

      cumprimentos ao seu pai

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  6. Há aqui um facto que não vejo referido.
    Havia uma manifestação programada, foi feita e acabou.
    O que é que ficaram lá as outras pessoas a fazer?
    Ou agora as manifestações podem prolongar-se por um ou dois dias?

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    1. Por lei, as manifestações não têm que ser programadas, não carecem de autorização, nem têm um prazo de validade.
      O que ficaram lá a fazer é lá com eles.

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    2. Desculpe não percebi muito bem.
      Então agora cinco mil pessoas podem ir até ao Marquês de Pombal com umas bandeiras começar às voltas à rotunda e andar por lá cinco dias?

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    3. Nop:
      http://pagan.pegada.net/drupal/sites/default/files/5_Lei%20direito%20de%20Reuni%C3%A3o%20-%201974.pdf

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    4. se for por causa da vitória de um clube de futebol, podem :)
      e tanto quanto sei, nao havia ninguém a montar tendas à frente da assembleia...

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