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Fotografias de João Cortes
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Hoje querem que tenhamos opinião sobre tudo, como se isso fosse possível. Que sei eu do aquecimento global, da eutanásia activa ou da economia da China para poder dar uma opinião isenta e fundamentada? Tenho o dever de me informar, de ler e escutar. Mas será possível obter informação sobre tudo para o que convocam a nossa opinião? E onde buscar a informação credível e isenta, já que ela é tanta e tão variada, tão orientada, às vezes tão manipulada? Há quem faça a opinião por nós. Mas será que queremos mesmo informação ou mera confirmação? Quantas vezes estamos dispostos a mudar de ponto de vista por escutar uma opinião alheia? Poucas, muito poucas. E agora, nestes tempos de som e fúria, cada vez menos nos deixamos persuadir por argumentos contrários ou vindos de lugares que não são os nossos. Lembrei-me disso enquanto caminhava ao cair da noite nas imediações do Cabo da Roca. No meio de tanto ruído da opinião, precisava do silêncio solitário da minha solidão. Não a tive. No alto da falésia, uma rapariga estrangeira contemplava o entardecer, sozinha. Sozinha ou, melhor dizendo, acompanhada de uma garrafa de vinho tinto. Não tenho opinião fundamentada sobre muita coisa no mundo, mas beber uma garrafa de tinto no cimo de uma falésia é algo que, parece-me, pode ser perigoso para a saúde. Estaria a rapariga cansada de lhe exigirem tanta opinião sobre tanta coisa? Chegara ao ponto perigoso de já não se importar sobre que opinião teria o mundo dela? Não sei. E do que não sei, não falo. Para falar do que não sabem, há muitos – alguns, até fazem disso profissão. Fazem as opiniões por nós e apresentam-nas pronto-a-comer. Os opinion-makers são o subproduto óbvio desta nossa democracia (ou tirania?) de opinião. Os nossos faróis cintilantes. O problema é que escolhemos para nos iluminar aqueles cuja opinião já sabemos ser igual à nossa. No oceano, um navio deixa-se guiar por qualquer farol, seja o do Guincho ou o do Cabo da Roca. No atlântico das opiniões, seguimos só os que têm as nossas convicções. Mas não sei que opinião têm sobre esta opinião que aqui vos deixo. E, sobre o que não sei, não falo. Eu só queria mesmo era mostrar estas imagens do Cabo da Roca, Novembro de 2012. Desculpem tanta palavra escusada.
Depende do caminho que se trilha ,mas nos tempos que correm ou se tem que saber cada vez mais sobre cada vez menos ,(até se saber tudo sobre nada), ou o inverso ,tem que se saber cada vez menos sobre cada vez mais ,(até se saber nada sobre tudo).
ResponderEliminarÉ a vida ,caro AA
manuel.m