Quando,
entre toleradas, duas mulheres vivem juntas só uma se prostitue; a outra
permanece junta da sua amiga sob a apparencia de creada, governante ou qualquer
emprego idêntico. D’ambas, a passiva é a mulher,
a outra o homem. Esta pode
permitir-se o ter relações com homens, mas à outra é-lhe absolutamente defeso.
Estas relações entre mulheres dão-se em
diversas classes sociaes.
Entre actrizes, camareiras de cafés e brasseries, prostitutas e até damas da
alta sociedade, mesmo as casadas, atingidas pela inversão sexual, não hesitando
em satisfazer o vicio que as domina, sempre que se lhes proporcione ensejo favorável.
Mas é, sobretudo, entre toleradas e
cortezãs que o tribadismo é mais comum, Pode afirmar-se, sem receio de errar,
que entre toleradas ha sempre 80 por cento de tribades.
Isto explica-se pela coabitação de
seres do mesmo sexo nas casas de tolerância. No estrangeiro é muito comum o
facto d’uma cortezã viciosa do grande mundo ir procurar prazer no bordel, como
se fôra um homem. Entre nós dá-se o mesmo facto, mas furtivamente. Alugam
quartos independentes – côtés – onde
fazem comparecer uma outra mulher de quem gostam, para se saphisarem.
Em Paris há quatro ou cinco casas,
especialmente destinadas a receber estas visitas mysteriosas.
Entretanto é para notar que as
prostitutas tão habituadas a saphisar-se entre si, sintam uma repugnância enorme
em praticar esse acto com uma mulher desconhecida.
A lésbica de profissão quasi não o
dissimula. Gosta de usar cabelos curtos, e até muitas vezes se veste com trajes
masculinos.
Os malefícios da tolerância.
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