quinta-feira, 11 de julho de 2013

Moçambique: notas de campo (13).





 


 
Onde tem o bem, tem o mal – diz a voz da rua em Moçambique. Os anos passam e consolida-se o progresso do país. Felizmente. Mas com ele constato lamentos, cada vez mais recorrentes entre pessoas com um nível de vida relativamente desafogado, de que tar-frano (como se diz na Beira, equivalente a fulano de tal) está com gripe ou sicrano tem sido muito atacado pela constipação, dor de garganta, tosse, febre, dores na coluna. Só que para estas maleitas dos trópicos (alguns expostos à fonte de contágio horas a fio também suspeitam de malária) não parece que a salvação venha de progressos da medicina, melhoria da oferta de medicamentos ou da simples esperança que o mal passe. A delicada prevenção tem muito mais a ver com um pequeno gesto: desligar o ar-condicionado. Viajar de carro contemplando belas paisagens tropicais, ou mesmo em pequenos circuitos urbanos, pode paradoxalmente assemelhar-se a uma aventura no pólo norte. Uma portuguesa que há uns anos esteve de férias em Moçambique disse-me: Parece que estão todos na menopausa. Afinal, os pobres haveriam de se vingar de alguma maneira. E como lamento o Eusébio…
 

 
Gabriel Mithá Ribeiro

 
 
Nota pessoal: em cerca de dois meses, depois de duas, caminho para a terceira constipação incómoda, após mais um repasto agradável condimentado com corrente de ar e ar-condicionado.

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