Onde tem o bem, tem o mal –
diz a voz da rua em Moçambique. Os anos passam e consolida-se o progresso do
país. Felizmente. Mas com ele constato lamentos, cada vez mais recorrentes
entre pessoas com um nível de vida relativamente desafogado, de que tar-frano
(como se diz na Beira, equivalente a fulano de tal) está com
gripe ou sicrano tem sido muito atacado pela constipação, dor de
garganta, tosse, febre, dores na coluna. Só que para
estas maleitas dos trópicos (alguns expostos à fonte de contágio horas a fio
também suspeitam de malária) não parece que a salvação venha de
progressos da medicina, melhoria da oferta de medicamentos ou da simples
esperança que o mal passe. A delicada prevenção tem muito mais a ver com um
pequeno gesto: desligar o ar-condicionado. Viajar de carro contemplando belas
paisagens tropicais, ou mesmo em pequenos circuitos urbanos, pode
paradoxalmente assemelhar-se a uma aventura no pólo norte. Uma portuguesa que
há uns anos esteve de férias em Moçambique disse-me: Parece que estão todos
na menopausa. Afinal, os pobres haveriam de se vingar de alguma maneira. E
como lamento o Eusébio…
Gabriel Mithá Ribeiro
Nota pessoal: em cerca de
dois meses, depois de duas, caminho para a terceira constipação incómoda, após
mais um repasto agradável condimentado com corrente de ar e ar-condicionado.
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