quarta-feira, 24 de julho de 2013

O ciclo de pinturas da Sociedade Funerária de Praga.

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Visita ao doente 

Preces no leito da morte


O tratamento do corpo


Feitura da mortalha


Lavagem do corpo

Transporte do corpo

Abertura da sepultura

Entrada do cortejo fúnebre no cemitério

Oração fúnebre

Transporte do corpo para a sepultura

Feitura do caixão

Deescida do caixão à sepultura

Consolo aos familiares do morto

Lavagem das mãos após sair do cemitério

Membros da direcção da Sociedade Funerária

Oração anual frente ao túmulo do rabino Loew

Banquete anual da Sociedade Funerária

O Cemitério Judaico em Praga-Olsani

Entrada do Cemitério Judaico em Praga-Olsani








Há muito de infantil na nossa relação com a arte. Existe alguma, ou mesmo muita, puerilidade na forma como apreciamos, maravilhados, as figuras cómicas de Arcimboldo, os infernos de Bosch ou os paraísos terrestres de Edward Hicks. Somos capazes, inclusivamente, de achar graça às cenas mais dramáticas, devido à forma como são apresentadas: doentes e moribundos em ex-votos piedosos e ingénuos, por exemplo. Ou aqui, no ciclo de pinturas da Sociedade Funerária de Praga. Ao longo dos séculos, do enterro dos judeus se encarregaram ONG’s avant la lettre, as Chevra Kaddisha Gomle Chasadim (Irmandade dos Que Praticam Actos de Caridade, numa tradução barbaramente literal). A Sociedade Funerária de Praga foi fundada em 1564 e, em finais do século XVIII, o core business da sua actividade foi pintado num conjunto de quadros, de autor desconhecido. Os quadrinhos, postos em sequência, assemelham-se a uma banda desenhada macabra. Mas, ainda assim, encantadora para a infantilidade do nosso olhar. É dos bens mais preciosos que temos: continuarmos a ver o mundo como crianças. Talvez pensando que iremos viver para sempre, que nunca iremos precisar dos cuidados de uma sociedade funerária. Disse Guicciardini, erudito do Renascimento: «Vamos morrer. E, no entanto, vivemos como se fôssemos viver para sempre». Ainda bem!

 

 
                                                                                               Para o João Paulo Cotrim,
                                                   que gosta de banda desenhada e vai viajar para Praga.


                                         
 
 
 
 
 
 

 

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