segunda-feira, 15 de junho de 2015

Vinte e Três Anos ao Serviço do País, de Bruto da Costa.

 
 
 
 

 
Uma tarde estava eu a trabalhar no meu gabinete, sentado à secretária e de costas voltadas para a porta de rede, e do outro lado da minha residência encontrava-se um carpinteiro europeu a fazer reparações nas janelas, quando este ouviu gritos aflitivos do sargento do hospital a chamar por mim, dizendo para me acautelar do cozinheiro que levava consigo uma faca escondida para me assassinar. O operário aproximou-se imediatamente do meu gabinete e notou que um preto ia galgando os degraus da escada da residência, sem dúvida para levar a efeito a façanha, e vendo-o quase a alcançar a porta de rede, derrubou-o com uma paulada, salvando-me assim da morte. Revistado o serviçal encontrou-se-lhe uma grande faca de cozinha, escondida, e interrogado declarou-me que os outros seus companheiros da brigada o tinham instigado a matar-me. Castiguei-o com trabalhos nos pântanos e mandei-o ligar com corrente a um outro subordinado.
 
(Bernardo Francisco Bruto da Costa, Vinte e Três Anos ao Serviço do País no Combate às Doenças em África, Lisboa, Livraria Portugália, s.d., pág. 125)


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