quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Literalmente, fantástico.

 
 
 
 
 
Sinceramente, não percebo como é que, não havendo entre nós uma edição integral dos Ensaios de Montaigne, uma das melhores editoras portuguesas, a Sistema Solar, decidiu publicar O Dicionário do Diabo, de Ambrose Bierce, quando já existia – e existe, desde 2006 – essa obra à nossa disposição, com a chancela de outra grande editora, a Tinta-da-china. Daqui não vem mal ao mundo nem nada de demoníaco: a edição da Sistema Solar tem tradução, selecção e notas de Manuel Afonso Costa, tudo muito bem. Mas a edição da Tinta-da-china não era má, pelo contrário; com selecção e tradução de Rui Lopes, prefácio de Pedro Mexia, ilustrações de Ralph Steadman. Enfim, coisas do Demo… mas nada de mal, reitero o respeito pelo excepcional trabalho de ambas as casas editoras, só não percebo esta duplicação, mas daí, repete-se, não vem mal ao mundo. Mais vale pecar por excesso.
Mau será, isso sim, ignorarmos uma antologia soberba, que merece ser falada e proclamada aos sete ventos: da editora Língua Morta, Sombras Brancas – Setenta e sete poemas sobre anjos caídos de outras línguas, de Jorge Sousa Braga (de quem conhecia um outra fantástica selecta, Animal Animal. Um bestiário poético, Assírio & Alvim, 2005). Agora, anjos – ou, mais precisamente, anjos caídos –, pela pena de Pushkin, Rimbaud, Emily Dickinson, Rilke, Anna Akhmátova e muitos, muitos mais. Um livro celestial. A não perder, por nada deste mundo – e do outro.
 
António Araújo
 
 
 
 
 
 

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