sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O problema do plinto em acrílico.

 
 
 






No ramo do humor negro, I-Nova, a publicação semestral da Servilusa, é a melhor revista nacional. Disponível em velórios, funerais, trasladações e outros actos lutuosos, I-Nova traz-nos o quotidiano dos trabalhadores da empresa (como Hugo Sales, praticante de crossfit, no sector funerário desde 1998) e grandes exéquias de maior aparato. No nº 23 da revista, a reportagem «Making of Eusébio no Panteão Nacional». Vamos a factos: 2 técnicos de cerimónia, 3 técnicos assistentes, 4 operacionais de exumação, 6 operacionais de trasladação, 2 operacionais de armar e desarmar o material. Em nossa humilde opinião, «operacional de armar e desarmar o material» não soa assim lá muito profissional; proporíamos, por exemplo, «operacional de montagem de material», mas é só uma sugestão que aqui fica ao cuidado da Servilusa, que é muito e eterno. Para a trasladação de Eusébio foram ainda utilizadas 2 urnas (uma em madeira e outra em zinco) e 4 essas (uma de madeira, para o cemitério do Lumiar; uma de acrílico, para o Seminário da Luz, sempre preterido nestas questões; duas douradas para o interior e para o exterior do Panteão Nacional).
Com tanto técnico e tão bom material, os resultados ficaram à vista, armada e desarmada.
Como diz o texto da Servilusa, que passamos a citar:
«A perfeição pode não existir, mas estes profissionais asseguram que a equipa não tem outra meta. Além dos inúmeros ensaios no terreno, a Servilusa introduziu outras inovações neste serviço. Quem assistiu à cerimónia no Panteão Nacional poderá recordar-se do plinto em acrílico quer serviu para colocar as condecorações de Eusébio. Uma estrutura inovadora que permite colocar a tradicional almofada, mas com mais estabilidade. Da mesma forma – já não é uma novidade –, a bandeira nacional voltou a ter chumbos nas pontas para não voar. E os leões dourados, à semelhança do funeral, tiveram de ser retirados das essas.
Milhões de pessoas viram a cerimónia da concessão de honras de Panteão Nacional a Eusébio. Algumas terão percebido que, ao contrário do que foi dito pelas televisões, quem transportou sempre a urna até ao Parque Eduardo VII não foi a GNR, mas sim os profissionais da Servilusa. Esses momentos ficarão gravados na história, mas também no progresso da empresa. Depois de desligar as câmaras, os microfones e os flashes, a equipa volta à sala de reuniões para o debriefing. O propósito? Fazer ainda melhor próximo serviço».  
 
É também esse o nosso desejo. Um bom serviço, Servilusa. E muitos parabéns pelo plinto em acrílico. Como bem dizem, foi uma «estrutura inovadora» que, sem dúvida, conferiu maior estabilidade à tradicional almofada. Mais ainda: ao contrário das insídias propaladas pela imprensa televisionada, não, não foi a malandragem da GNR que transportou a urna de Eusébio até ao Parque Edurado VII. Foram os diligentes, competentes e muito profissionais senhores exumadores da Servilusa. Essa é a verdade histórica. É essa a verdade verdadinha, que tem de prevalecer contra todas as formas de desinformação e intoxicação da opinião pública.   
 
 
 
 

3 comentários:

  1. Na capa da "inova" menciona-se (dentro do quase rectângulo que figura junto do monumento) a "transladação". Seria talvez avisado ao menos saber escrever as palavras que se prendem com o seu ofício.

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  2. Credo ! Será que já estão a pensar no funeral do Cristiano Ronaldo ?

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