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GOVERNO DO DISTRICTO DA HUILLA
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Confidencial Nº 9
Confidencial Nº 9
Sá
da Bandeira, 31 de agosto de 1911
Ao
Snr. Governador-geral da provincia de Angola.
Loanda.
Do governador do districto.
O
capitão medico Sezinando Bebiano Arnedo Peres, em data que não posso precisar,
trouxe de Cabo Verde como serviçal, uma preta de nome Damiana.
Esta
preta não acompanhou o referido capitão medico na sua retirada agora para essa
cidade e ficou na Chibia.
Informando-me
das circumstancias em que ella alli se encontrava, apurei que desde outubro de
1910 que deixára o serviço do referido capitão medico, declarando o
administrador da circumscrição que por ser vadia.
Pedindo
o termo de apresentação ou contracto de curadoria d’esta villa e na da Chibia,
nada se encontra, nem tão pouco referencia alguma ao facto da vadiagem.
N’estes
termos resolvi mandar chamar a preta Damiana para eu próprio ouvir e declarou-me:
“que
ha anos que não sabe quantos, estava em Cabo Verde como creada em casa d’um
sargento Rufino, que fazia serviço no quartel general, e que era encarregada de
vender doces pela rua. Que um preto seu patricio a encontrou e lhe perguntou se
queria vir para Loanda, para creada de meninos d’um doutor e que o seu
contracto era por um ano e que só tinha de comer, vestir e as passagens.
Aceitou o convite e foi com o preto a uma casa onde encontrou o Dr. Peres que
lhe perguntou se queria vir ao que respondeu affirmativamente e um outro
sujeito lhe perguntou o nome. Embarcou e veio depois para aqui.
O
anno passado a senhora do Dr. Peres começou tendo ciumes della com o patrão e
assim quando ella Damiana estava a
calçar as botas aos meninos, se o patrão a vinha a ensinar, a senhora
zangava-se e dizia que o Dr. Peres gostava mais d’ella que da senhora e em
outras occasiões se estava em qualquer casa só com o patrão e a senhora ouvia
qualquer conversa vinha logo zangada e fazia muito barulho. Que ás vezes sucedia
estar no jardim da delegação de saude e passar algum soldado seu patricio, com
quem conversava e a senhora zangava-se tambem e começava a chamar-lhe vadia e
por fim mandou-a para a Chibia, para casa d’uma irmã D. Miquelina Black. Que
alli se conservou portando-se sempre bem até que ha mezes, um individuo de nome
Manoel Jose Pedro a convidou a ir a casa d’elle e ella foi, mas a D. Miquelina
deu pela sua falta e zangou-se. Que está gravida de 4 I/2 meses e é do Manoel
Pedro.”.
N’estes
termos venho rogar a V. Exª se digne informar-me do destino a dar à preta
Damiana ou se a devo deixar na sua situação actual como amante do Manoel Pedro,
que por minha ordem tem o deposito provisório da serviçal referida.
O
governador.
(a) Felner
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