Ansel Adams
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O momento mais belo da vida
A única coisa
perfeita que existe é a Natureza; a única coisa verdadeiramente harmoniosa é a
forma como a Natureza ordenou as coisas e os seres; a única coisa
verdadeiramente bela é a Ordem com que a Natureza se rege. Ao contemplar a
Natureza, fico sempre deslumbrado, inebriado, e nunca me canso de exaltar a sua
beleza, a sua harmonia, a sua perfeição. Por isso respeito religiosamente a
Ordem por que se rege o mundo natural.
Não se trata de uma ordem fixada por
uma qualquer divindade ou demiurgo, mas sim de uma ordenação que resulta da
evolução da matéria ao longo de milhares de milhões de anos. Sim, essa matéria
de que é feito tudo o que existe, incluindo os próprios seres humanos. Nessa
Ordem tudo está meticulosamente organizado e nada foi deixado ao acaso. No
mundo natural faz-se tudo o que é necessário fazer e nada se improvisa. A sua
harmonia deve-se afinal a um sentido, a uma estratégia, que preside a esse
movimento evolutivo. Na terra, como no universo, a evolução da matéria faz-se
sempre no sentido da perfeição (complexidade). A matéria evolui sempre para
níveis cada vez mais complexos de organização. A vida, tal como existe neste
minúsculo ponto perdido nas imensidões cósmicas, é, desde as primeiras
moléculas de aminoácidos até hoje, o resultado dessa evolução, ou melhor,
corresponde a uma fase dessa evolução. O ser humano é a expressão mais avançada
(complexa) de organização da matéria. O grau mais complexo (perfeito) de
organização da matéria que se conhece em todo o Universo está no cérebro humano.
Em nenhum outro ponto do cosmos a matéria atingiu - que se saiba - um nível tão
perfeito, tão harmonioso, tão complexo de organização como na cabeça do ser
humano.
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Edward Weston
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No mundo natural, a evolução dos
seres vivos faz-se de acordo com estratégias específicas de sobrevivência,
visando a continuação das espécies através da reprodução dos seus espécimes. As
regras terríveis da seleção natural existem para, eliminando os espécimes mais
fracos, fortalecer cada espécie. Como demonstrou Charles Darwin, a vida é a luta
pela vida. A sobrevivência de cada ser vivo, como de cada espécie, impõe
métodos que, por vezes, nos impressionavam pela sua aparente crueldade.
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Werner Bischof
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O astrofísico Hubert Reeves escreveu,
em "Um pouco mais de azul" (livro cujo título homenageia Mário de Sá
Carneiro), um texto maravilhoso que cito de memória: uma mulher belíssima está
deitada na cama com o corpo nu envolvido parcialmente por lençóis de cetim
branco. A janela meio aberta deixa entrar uma brisa ligeira que agita levemente
as cortinas. A um canto, um disco esquecido solta os acordes maravilhosos de
uma sinfonia de Mozart. Uma luz difusa inunda suavemente todo aquele ambiente
de paz e de tranquilidade. O rosto da mulher é a imagem do amor e da
felicidade. Porém, dentro dela, no interior do seu corpo, alheios a tudo isso,
mais de 200 milhões de seres lutam desesperadamente pela sobrevivência que só
um poderá alcançar. Ela acabara de fazer amor.
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Como diz Reeves, a vida implica todos
os níveis do real e, por isso, é que o momento mais belo na vida de qualquer
ser humano é aquele em que ele é retirado todo sujo da vagina ensanguentada de
uma mulher ou então arrancado da sua barriga esventrada por uma cesariana e é
exibido triunfantemente à mãe que o pariu. E esse momento é belo porque é nesse
instante que aquele monstrinho sujo, enrugado, roxo e disforme passa de feto a
pessoa, ou seja, adquire personalidade jurídica e torna-se sujeito de direitos
e de deveres ou, se quisermos, passa a ser um centro autónomo de imputações. É
assim que nasce um ser humano. E esse momento é belo também porque a mulher que
berrava de dores passa a rir-se de alegria e beija pela primeira vez esse filho
(em outras espécies animais, as mães são ainda mais autênticas pois lambem
demoradamente os recém-nascidos). Esse momento é belo, sobretudo, porque é o
instante em que as dores da vida se metamorfoseiam na felicidade apoteótica da
maternidade e da paternidade.
Eu lembro-me bem desse momento. Nunca
esquecerei o momento em que nasci e, sobretudo, nunca esquecerei o primeiro
beijo que a minha mãe me deu - quase moribunda por me ter parido.
Marinho Pinto
(Jornal de Notícias, de 27/05/2013)
isto é...
ResponderEliminartoda uma noção estética da vivência humana, a metafísica da primeira memória extra-uterina, a filosofia do ordenamento natural das coisas...
marinho pinto, um poeta, um bastonário, um monstro.
"Eu lembro-me bem desse momento. Nunca esquecerei o momento em que nasci e, sobretudo, nunca esquecerei o primeiro beijo que a minha mãe me deu - quase moribunda por me ter parido."
ResponderEliminarDas duas, uma: ou este sr. tem uma imaginação prodigiosa ou uma memória ainda mais prodigiosa.
Ou a resposta talvez seja a falta de sentido do ridículo...
medo
ResponderEliminarbabando-se enquanto escrevia, como ontem no Programa da Fatinha
ResponderEliminarontem o Taveira, hoje o Marinho...amanhã o drama da Linda de Susa?
falta de assunto, ou o meu caro está a descambar?
JP
medo de quê?
ResponderEliminarMães !
ResponderEliminarSe quiserem ser ainda mais verdadeiramente mães,já sabem : Têm de lamber demoradamente o vosso recém-nascido ! Marinho Pinto dixit.
PS: Julgavam que era só o Cavaco ??