Guardaram urna com corpo da avó na despensa
durante meses
Jornal de Notícias, aqui
Um casal é suspeito de ter subornado um coveiro e
trocado a urna de uma familiar com a de outra pessoa, para imputar erro à Junta
de Freguesia de Alverca e pedir uma indemnização de 20 mil euros. Feita a
troca, guardaram a urna da avó na despensa durante quatro meses.
O homem e a mulher, de 31 e 28 anos, respetivamente,
estão acusados pelo Ministério Público (MP) de corrupção ativa e de profanação
de cadáver, enquanto o coveiro, de 54 anos, vai a julgamento por corrupção
passiva e coautoria na profanação de cadáver.
Segundo o despacho de acusação, a que a agência Lusa
teve acesso, em julho de 2011, o casal terá pago "100 euros" ao
coveiro para que entregasse "uma urna com uma ossada completa, não
identificada e considerada abandonada". De seguida, o arguido
"dirigiu-se ao ossário da avó e trocou a urna da familiar pela que tinha
sido entregue pelo coveiro".
O neto levou depois a urna com as ossadas da avó na
bagageira do carro para casa. De acordo com o MP, o casal "manteve a urna
na despensa da habitação durante quase quatro meses".
Durante esse período, a advogada do arguido chegou a
ir à Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de
Xira, para exigir uma indemnização de 20 mil euros, alegando erro dos serviços
da autarquia local.
Fonte da Junta disse à Lusa que o coveiro tinha
confessado o plano. O casal foi detido pelas autoridades a 26 de novembro de
2011, quando tentava devolver a urna ao cemitério de Alverca.
A mesma fonte acrescentou que o funcionário da Junta
de Freguesia - coveiro há 20 anos - cumpriu uma suspensão de quatro meses, sem
vencimento, no âmbito do processo disciplinar aberto pela entidade patronal,
estando atualmente de volta ao trabalho.
O casal está em liberdade e sujeito à medida de coação
de Termo de Identidade e Residência.
"Com a referida conduta, os arguidos ofenderam e
mostraram um profundo desrespeito pela memória da pessoa em causa", frisa
o MP, acrescentando que os três visados "colocaram o interesse do Estado
em causa".
O caso, que teve início com a denúncia feita pela
Junta de Freguesia, vai ser julgado em Vila Franca de Xira, em data ainda não
marcada, por um tribunal singular, uma vez que as penas máximas não ultrapassam
os cinco anos de prisão.
A vovó não conseguia "R.I.P.".
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