terça-feira, 28 de maio de 2013

O mundo é um lugar estranho.

 
 
 


 
 
 
Guardaram urna com corpo da avó na despensa durante meses
 
 
Jornal de Notícias, aqui



Um casal é suspeito de ter subornado um coveiro e trocado a urna de uma familiar com a de outra pessoa, para imputar erro à Junta de Freguesia de Alverca e pedir uma indemnização de 20 mil euros. Feita a troca, guardaram a urna da avó na despensa durante quatro meses.

O homem e a mulher, de 31 e 28 anos, respetivamente, estão acusados pelo Ministério Público (MP) de corrupção ativa e de profanação de cadáver, enquanto o coveiro, de 54 anos, vai a julgamento por corrupção passiva e coautoria na profanação de cadáver.

Segundo o despacho de acusação, a que a agência Lusa teve acesso, em julho de 2011, o casal terá pago "100 euros" ao coveiro para que entregasse "uma urna com uma ossada completa, não identificada e considerada abandonada". De seguida, o arguido "dirigiu-se ao ossário da avó e trocou a urna da familiar pela que tinha sido entregue pelo coveiro".

O neto levou depois a urna com as ossadas da avó na bagageira do carro para casa. De acordo com o MP, o casal "manteve a urna na despensa da habitação durante quase quatro meses".

Durante esse período, a advogada do arguido chegou a ir à Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, para exigir uma indemnização de 20 mil euros, alegando erro dos serviços da autarquia local.

Fonte da Junta disse à Lusa que o coveiro tinha confessado o plano. O casal foi detido pelas autoridades a 26 de novembro de 2011, quando tentava devolver a urna ao cemitério de Alverca.





A mesma fonte acrescentou que o funcionário da Junta de Freguesia - coveiro há 20 anos - cumpriu uma suspensão de quatro meses, sem vencimento, no âmbito do processo disciplinar aberto pela entidade patronal, estando atualmente de volta ao trabalho.

O casal está em liberdade e sujeito à medida de coação de Termo de Identidade e Residência.

"Com a referida conduta, os arguidos ofenderam e mostraram um profundo desrespeito pela memória da pessoa em causa", frisa o MP, acrescentando que os três visados "colocaram o interesse do Estado em causa".

O caso, que teve início com a denúncia feita pela Junta de Freguesia, vai ser julgado em Vila Franca de Xira, em data ainda não marcada, por um tribunal singular, uma vez que as penas máximas não ultrapassam os cinco anos de prisão.

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