29.
Como já foi notado por diversos comentadores,
a estrutura de A Grande Onda tem
claras semelhanças com a forma como, noutras obras, Katsushika Hokusai dispõe
os diversos elementos e organiza a composição relegando o Monte Fuji para um
lugar distante, aparentemente secundário; mas, desse modo, acaba por lhe
conferir uma maior centralidade.
Estranha
e paradoxalmente, a força majestosa do vulcão, a sua imperturbável serenidade, parece
crescer e agigantar-se enquanto os elementos à sua volta se agitam e
movimentam: casas, ondas, seres humanos, até uma roda de um barril em madeira
funcionam como túneis que canalizam e encaminham o olhar para a montanha
mágica, ao longe.
É
o que acontece na Vista do Monte Fuji na
Província de Owari (Bishu Fujimigahara, 尾州不二見原), da série Trinta
e Seis Vistas do Monte Fuji, descrita aqui
na colecção do Museu Britânico (1937,0710,0.166).
Museu Britânico
1937,0710,0.166
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É
o que acontece também noutra xilogravura da série Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji. Denomina-se Impressão da Loja Mitsui em Shoroga-Sho,
Edo (Edo Suruga-cho Mitsui mise ryakuzu 江戸駿河町三井見世略圖), descritaaqui
no catálogo do Museu Britânico (1906,1220,0.549).
Museu Britânico
1906,1220,0.549
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É
o que acontece ainda, mesmo que de forma porventura não tão visível, na xilogravura
Templo Hongan-ji em Asakusa, Edo (Toto Asakusa Honganji 東都浅艸本願寺), também pertencente à série Trinta
e Seis Vistas do Monte Fuji. Descrição do Museu Britânico, aqui (1937,0710,0.134).
As casas, os edifícios, o tonel de madeira, todos desempenham a mesma função das vagas em A Grande Onda: tornar mais presente aquilo que é longínquo.
Museu Britânico
1937,0710,0.134
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